sábado, abril 15, 2006

Sábado de Aleluia


Foto: Carlos Neto

Escuta, Judas.
Antes que você parta pro teu baile.
A morte nos absorve inteiramente.
Tudo é aconchego árido.
Cheiro eterno de Proderm.
Mesa posta, e as garras da vontade.
A gana de procurar um por um
e pronunciar o escândalo.
Falar sem ser ouvida.
Desfraldar pendengas: te desejo.
Indiferença fanática ao ainda não.


(Ana Cristina César_” A Teus Pés” )


Novamente em paz...
Sem os resquícios dos ecos do teu cheiro, sem a cor da tua voz tatuada na partitura dos meus desejos.
Tudo que ouço de ti é oco e nada mais recende em mim naquela cor avermelhada que me arrepiava inteira e me deixava insone.
Novamente em paz, sem saudade alguma do sorriso que você plantava no meu rosto ou daquela cara de choro que ficava quando dizia que não viria inaugurar comigo aquele dia.
Estou em paz, sem querer você, numa relação intensa de compromisso com a alegria,tomando banhos demorados pra apagar do meu corpo, sem ternura, o restinho das suas digitais.
Nada me afaga mais do que o cuidado que tenho tido comigo, nada me alegra mais do que o tempo todo que me sobra e que antes eu guardava pra esperar por você... em vão.
Sem ansiedades.
Retirei do pronome a posse e a mania de ser proprietária.
Nada que vem de você me comove, excita ou machuca.
Estou em paz...novamente.

4 comentários:

Janaína disse...

E eu pensei que passaria o meu domingo com uma terrível dor de cabeça, e todas as dores que deveria ter sentido no enorme feriado, mas teimo em sentir no domingo, logo no domingo que precede a segunda..aí acordo e vou ver meu orkut, e me deparo com um recadinho teu, sem ter mais o que fazer vou ao blog e leio um texto INCRÍVEL feito sob medida para o que eu queria ler/ouvir/falar...sensacionalmente LINDO! Docemente BELO! E eu pensei que meu domingo seria vago...

Grande Beijo!

Bela disse...

Olá, querida Marla!
Fiquei afastada um tempo, mas tô de volta!
E encontro no meu retorno a sua voz a me cantar, como ecos...boa essa sensação de estar só, tranquila e em paz! Eu e Deus!
Adorei.
Beijocas
Bela

Su. disse...

OiOi...

È, pois é... a poesia tem destas coisas, esconde-se por de traz da voz, do som que um dia foi real...

E teimosamente, continuo, dizendo
- Quem nunca amou assim, não viveu de coração.

Beijo.

Anônimo disse...

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...