Licenças Poéticas, prosa incerta, poesia em linha reta, versos que dançam fora da forma do poema, mas dentro do corpo do poeta.
quinta-feira, dezembro 25, 2008
Quando o passado espreita
Desculpa eu não te querer mais logo agora que a vida está sendo doce comigo. Têm coisas suas que não cabem na minha alegria como, por exemplo, tuas feridas tão antigas e as curas que eu fazia pra te consertar pro mundo, mas continuar com minhas mãos vazias.Desculpa eu desobedecer a demanda da tua angústia. Eu não quero mais ouvir, naquela passividade profunda de amante, tuas lamúrias, tuas escolhas equivocadas, teu emocional sempre tão confuso.
Eu só quero celebrar as minhas flores de dentro da forma mais adequada.
Eu não tenho mais tempo para ser aquela pessoa certa na tua hora errada.
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Marla de Queiroz
P.S.1: Dia 28/12 comemoro meu aniversário, eu completo 1.584 luas.E já recebi todos os melhores presentes que alguém da minha idade poderia ter: uma família incrível, meus amigos tão especiais, minha rotina particularmente poética, o lançamento do meu primeiro livro, o meu blog que me dá tantos novos amigos íntimos virtuais e tanto carinho. Eu só quero continuar sendo merecedora dessas coisas todas, por isso invisto no meu melhoramento como pessoa.
P.S.2: o meu livro “ Flores de Dentro” está sendo vendido pelo site: www.editoramultifoco.com.br
P.S. 3: Alguns anônimos passam por aqui e fazem comentários que eu adoraria responder. Por favor, deixem algum e-mail.
P.S.4: Na foto, minha colagem.
P.S.5: Obrigada por tudo,sempre.
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Marla de Queiroz
quarta-feira, dezembro 17, 2008
Agradecimentos
Minha foto tirada pela Lua Leça
Fiquei pensando no que eu poderia escrever aqui, no dia seguinte ao lançamento do livro.Mas estou ainda muito anestesiada, extasiada, embriagada de amor.Acho que nunca me senti tão amada, tão vasta, tão em casa, tão feliz. Primeiro, tive a melhor sensação do mundo ao ver meus filhos empilhados numa mesa.Tão recém-nascidos. Tive ímpetos de guardá-los novamente no meu ventre. Queria todos para mim. Depois eu os vi saindo, um a um. Foram para tantas casas diferentes, na companhia de pessoas tão especiais...Não sei explicar, mas se dei 90 autógrafos, todos foram pessoais e seguidos de um abraço forte, demorado...Não existia mais o tempo.Eu me permiti me demorar naquela maior alegria da minha vida.E tantas pessoas trabalharam espontânea e gratuitamente praquela festa acontecer. Eu não sei quando foi a última vez que me senti tão bonita.E o que posso dizer ainda, é o que disse ontem pros que estavam presentes: a repercussão que a minha poesia teve, tem, não me dá vaidade. Ela só me diz da minha responsabilidade e respeito que preciso ter com as palavras. Se a minha poesia sou eu, é preciso que eu me melhore pra que ela continue sendo honesta.
Eu estou muito, muito emocionada. E nunca vou esquecer esse meu primeiro melhor momento da minha vida.
“ Obrigada” é palavra que não comporta toda minha gratidão.
Vou descansar um pouco, mas volto logo.
P.S.: Em um ano e meio, esse blog ultrapassou os 100.000 acessos. E eu só preciso de ajuda pra sentir. Eu os agradeço eternamente.
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P.S.2: O livro já está à venda pelo site:
www.editoramultifoco.com.br
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Marla de Queiroz
quarta-feira, dezembro 10, 2008
Lançamento do meu livro!!!!!!!!
quinta-feira, dezembro 04, 2008
Bachelariando sobre o barro...
P.S.: Desculpem a demora de atualização do blog. Estou escrevendo minha monografia e resolvendo as últimas questões do lançamento do meu livro. Em breve, a divulgação oficial aqui, mas posso adiantar que será dia 16/12/08.
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Porque deveria ser proibido esses domingos ensopados pela chuva e, por dentro, tanto frio sem esperança de alguma nódoa de sol. Deveria ser proibido mãos que não alcançam um pedaço de argila e um punhado de água pra amolecer a dureza que têm as ausências, as carências, o concreto de alguns corações.
Deveria ser proibido no meio da dor, só a lembrança das ondas que explodiram pra promover um beijo: era a maior doação da natureza pra afagar olhares que procuram e procuram_ e que olham para os lados sem ver o que ao lado está. (Que nem Clarice explicou em “ Por não estarem distraídos”).
Minhas mãos em concha seguram tantos gritos, líquidos.Mas tenho medo de acordar os que se estabeleceram uma rotina sem qualquer possibilidade de desconfortos fora dos calculados.
Eu andei pensando sobre o barro, sobre o amor, sobre vestidos que viram saias e saias que viram blusas. Eu andei pensando que, às vezes, a gente gostaria de enfiar a pessoa que a gente ama dentro daquela gaveta arrumada pra só saber dela quando abrisse o guarda-roupa no auge da vontade de se enfeitar de sentimento.
Andei pensando nesse coração de argila que se molda de artérias entupidas pelo amor.
(ainda é preciso esperar que seque rápido e torcer para que não tenha sido feito frágil demais.)
Eu andei pensando nesse movimento de mãos que se vestem de areia, que fazem círculos enquanto contam sobre o eterno retorno do mesmo. Sobre a lucidez da loucura.
Você espera que a terra te dê chão? A terra, sem a água, sem o ar, sem o fogo, só pode te dar a impossibilidade de vôos, às vezes.
Talvez estejamos tentando fazer barro com areia e água salgada. Mas o barro quer da gente é doçura.
Andei pensando nessas esculturas de sal.Isso não pode ser a nossa obra-prima.
O amor não pode ser engessado. Ele não pode ser estático.Amor não pode ser chão de ninguém.Amor nasceu para dar asas.
Quando você me contou que havia um abismo no seu peito, um buraco no seu coração, eu tentei visualizar abismos e buracos...E vi muito coração dentro deles.
(Um outro ângulo.)
quinta-feira, novembro 20, 2008
Descompassos
Enquanto eu tentava me lembrar onde guardei meus brincos (tua gravata), minha docilidade (tua carência), minha saia rodada (tua camisa azul), meu desapego (tua indignação), você catava conchas à beira-mar. À beira de um mar que te emprestei. (E, na individualidade sem afagos que consertem, talvez esteja a nossa nudez.)
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quarta-feira, novembro 12, 2008
Extensidades
quinta-feira, novembro 06, 2008
Outra Estação
e a esperança era tão precisa que calculava:
Você viria na primavera mais propícia.
Eu esperava um encontro tão romântico,
pra desmitificar tua estátua de concreto.
Eu esperava que nada mais pudesse vir a ser um desafeto.
E veio fluido como fonte
E veio ávido, como fome
Mas se tornou um chato no papel de “Monge”.
E havia um romance, mas vaidoso.
E, em vez de amar, ficava dando pistas:
assim, feito uma celebridade, um artista.
Eu fui cansando, ficando com preguiça:
Havia idealizado a estabilidade de um amor,
e apareceu você, mais um turista.
Eu esperava então, que fosse embora logo.
Que nem tirasse a roupa, já que nunca a máscara.
Que me deixasse em paz a tempos de um verão.
Se fosse a primavera assim, a mais propícia,
queria eu então outra estação:
mais divertida, leve, colorida
ou, pelo menos, muito mais promíscua.
terça-feira, outubro 28, 2008
Carências
sábado, outubro 18, 2008
O que os jornais não noticiaram
Resumindo
terça-feira, outubro 07, 2008
Alguma certeza
Escuta: o que te dou não é por você, mas por mim_ se tenho amor demais, eu preciso deixar derramar até que tudo escorra e que haja um total esvaziamento. E, novamente, eu me sinta plena do vazio. (Porque também preciso da purificação do não-sentir pra me entregar de novo plenamente). Não interessa se amor demais te envaidece, envaidecer-se é uma forma de não se achar merecedor, caso contrário, receberia tudo com natural tranqüilidade. Mas não é sobre você que quero falar, é sobre o amor que escorre pela ponta dos meus dedos, que me enche os olhos e a boca d água.É por esse amor que eu respiro fundamente e sinto alegria. Você é só um foco do que tenho transbordando. Nada além do não-definitivo com a sensação de eternidade. Você é a energia que sinto, um rosto desfigurado, puro movimento e luz, o que faz movimentar-me em direção ao familiar tão desconhecido. Amo para conhecer-me e tudo me escapa: o que sabia sobre mim se transforma no que ignoro, o que não havia me tornado me fascina, mas não consigo tocar se reconheço. Esse é meu processo de melhoramento: saber-me ilimitada, transitória. (Se ficares longe ou aproximar-se, o amor será o mesmo, esse outro do “pra sempre, agora”).
Escuta: eu não preciso fechar os olhos para ver por dentro a profusão de cores.Eu não preciso usar palavras pra dizer da comunhão das coisas. Eu não preciso estar embriagada de um amor concreto pra ver beleza em tudo. Ele está em mim, eu estou nele e onde eu for, chegaremos juntos.
Se alguém se assusta ou se comove, é ser-espelho. Sol-teu-espelho, digo.
Escuta: o que te dou é meu. E isso ninguém roubará de nós.
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Marla de Queiroz
domingo, outubro 05, 2008
Fugidio
segunda-feira, setembro 22, 2008
Flores de dentro
Eu me preparei para a chegada de uma determinada primavera semântica, mas só conseguia lembrar do meu poeminho antigo:
Quando setembro flor-ido, primavirá o verão.
quinta-feira, setembro 11, 2008
Imperativos, hiper-ativos
Me traga: de novo fumaça, etérea, no espaço, sonora... de novo tão livre, tão solta.
E faça amor comigo sem pressa.Com todas as vírgulas que ignoramos.
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Marla de Queiroz
quinta-feira, setembro 04, 2008
Uma súplica
terça-feira, agosto 19, 2008
Compartilhamento...
quinta-feira, agosto 14, 2008
Da saudade
Como era mesmo que você me olhava quando a gente ainda se via?
sexta-feira, agosto 01, 2008
Quando a leveza é o que sustenta o peso...
sábado, julho 26, 2008
E, na brecha de um medo...
Antes de o amor nascer eu me ocupava com o óbvio do sexo bom que vinha dele, mas parecia que era só aquilo. Por isso me atirava nos braços do sofá e dizia fatal: ou você ou ele. "Seremos os três então", e ele se atirava no sofá comigo. Mas tudo era só essa ofegância.Quando nasceu o amor eu o olhava enquanto secava os cabelos à noite depois do banho. E ele me disse:
segunda-feira, julho 21, 2008
Carta de amor pra mim mesma...porque só eu sei o que preciso ouvir.
Escrevo enquanto te olho por dentro. O que vejo nem precisa ser bonito, nasci para amar tudo que vem de você.Escrevo pra te fazer um afago.Porque te conheço inteira, naquela hora em que tudo é silêncio e sombra, naquela hora em que sua gargalhada é um sol.Desse seu corpo que nasceu para abraçar, eu conheço cada poro, cada taqui-bradi-cardia.Conheço cada sopro, cada falha na tua voz.Toda a força do teu canto desafinado, eu conheço.A intensidade do teu gozo, a fluidez das tuas palavras orgásticas que não admitem tutelas. Eu te conheço além da tua relação anti-convencional com teus homens.Com tuas mulheres. Com essas pessoas que você ama.Com essas que você se recusa a odiar porque não quer despender energia pra isso.
Eu te conheço doendo. Eu te conheço em paz.E sei quando você finge que nunca fingiu um orgasmo.E é por isso, Marla, que eu sou a pessoa que mais poderia amar você.Porque não me interessa onde você erra, me interessa o que você aprende, apreende, absorve.Me interessa é como você se transforma. Interessa é o teu olhar de novidade derramado sobre as coisas simples e cotidianas como se descobrisse a essência do mundo diariamente. O que interessa é esse seu medo da morte, a sedução que ela exerce sobre você e o teu instinto de vida tão maior que tudo.Eu te conheço boêmia, anestesiada porque tua intensidade sufocando, apertando os dentes.Eu te conheço premonitória, dando consultas em mesas de bar, plantando esperanças porque a intuição disse que sim, vai dar certo, e deu.
Eu te conheço arrasada, opaca, ferida, feroz.Rabugenta.Confusa. E não é menos Marla. É a outra ponta do extremo. A totalidade. Eu te conheço tendo recaídas, não sendo ingênua mas optando por acreditar no outro de novo, de novo, de novo. Mas só até a terceira vez. Eu te conheço com um mau-humor contagiante, com uma disposição esfuziante, com uma alegria solitária, com todos os teus amigos na praia, ou sozinha com os teus livros e uma canga à parte pra eles.Aquela que só entra no mar de mãos dadas com alguém porque tem medo de não sair. A que evita altura porque quando olha pra baixo só pensa na queda.A que se treme inteira lendo seus textos em eventos poéticos porque tem fobia de público.A amiga popular e agregadora. A que morre de ciúmes e toma gelmax efervescente pra acalmar a gastrite ciumenta.
Eu nasci pra amar você porque sei dos teus desesperos, tropeços, anseios. Sei da tua honestidade quando sente.E dessa intranqüilidade pela falta de ambição.Te conheço acordando de madrugada só pra anotar uma frase.E fazendo da prosa poética teu sossego. Da vontade que você tem de voltar logo pra casa só pra escrever aquele texto que nasceu durante a caminhada. Das tuas roupas com cores desconexas.Da tua irritação com pessoas desconectadas. Tua preocupação com o lixo. Teu preconceito com o luxo. Teu boteco copo sujo.E a solidão permanente e o teu namoro com a escrita.
O que ainda posso dizer? Que você, Marla, vive para a palavra, mas anseia viver exatamente aquilo que ela não alcança.
E é por isso que eu te amo além do amor.
segunda-feira, julho 14, 2008
Divagações...
Se eu não escrevesse, minha carência seria apenas a falta de alguém, meu amor seria apenas mais um namorado, minhas despedidas seriam apenas mais um hematoma na alma,teriam apenas o adeus como adorno.E tanta alegria que vem vezenquando subitamente nos dias, seria apenas uma luz solitária. Quando a poesia resolveu morar em mim, tudo virou matéria-prima e eu ganhei uma espécie de entendimento maior sobre as coisas.Quando choro gotejo verbos, quando amo suspiro versos, quando grito desamarro palavras.E isso faz de mim mais generosa, porque compartilho. (Você me disse isso e eu achei tão bonito).
Se as coisas têm um nome próprio, cuido pra não confundir amor com apego, eu te disse tentando ser mais interessante. O amor é essa melodia que envolve, mas não se aprisiona o abstrato, as notas dançam na palma da mão por um tempo que é pra que se possa ver pra sempre o fugidio das coisas. Depois elas somem. Fica uma lembrança de tudo que foi importante. Mas a importância somos nós que damos. Têm coisas que seriam interessantes que eu me lembrasse pra compor um lado meu que ainda não conheço direito, mas por doloroso demais eu esqueci com a rapidez que durou aquela febre emocional.(Eu sempre sofri fisicamente pelas coisas importantes). Mas meu corpo não agüenta mais, adquiri a leveza por puro bom-senso. Penso pouco no que vejo.Quando acho bonito, não destrincho o conceito de beleza. Fernando Pessoa sabia das coisas.
Se a dor é insuportável ou a alegria desmesurada, a palavra sempre salva meu coração. Matéria-prima pra poesia é essa vida com seus incontáveis dias de azuis e sombras.
Eu tenho uma filosofia de vida que consiste em abandonar a cada dia uma certeza. Mas tenho ainda uma convicção: eu quero publicar meu livro antes de ter um filho e plantar uma árvore dentro de cada uma de suas páginas.
domingo, julho 06, 2008
Sobre a espera
É que esse amor a bagunçou inteira. Jurou que viria vê-la por três vezes. E a mesa posta, a casa limpa, o vestido bordado. Agora o cheiro das flores que murcharam na chita do vestido lavado. Agora esse café frio, uma das taças intacta, o vinho pela metade. E ela contando sua coleção de esperas, crepúsculos e cartas rabiscadas em guardanapos.
Tentando se reorganizar novamente, rezava pra que tudo voltasse ao seu devido lugar: onde não havia nenhum (falso) entusiasmo e nenhum desses fogos (de artifício). Ela havia chamado de tédio um momento em que , na verdade, seu coração estava em paz.
É que esse amor a bagunçou inteira. E a louça suja de um prato só. E a angústia dura de um parto só. E toda a ternura, como havia lido em Drummond, toda essa ternura inútil, desaproveitada.
Ela só queria que essa dor tão familiar, lhe fosse estranha. E que alguma coisa lhe fizesse companhia, nem que fosse uma voz do outro lado que considerasse a importância que havia para ela de, pelo menos, ouvir um adeus.
E pedia esperançosa: Deus perdoa por eu ter amado desajeitadamente, quem não me amou de jeito algum.
quinta-feira, junho 26, 2008
Sobre medos
Eu produzo porque tenho muito medo de ser inútil. Eu abandono quando sinto muito medo de ser rejeitada. Eu adormeço porque tenho medo de não encontrar paz em nada. E, de tão compreensiva sempre, quando tenho que me defender, só tenho vontade de agredir. Porque tenho o potencial de tanta raiva dentro de mim. (Eu me busco tanto em tudo que fiz da palavra “encontro” o fim da minha estrada. E sigo caminhando a esmo com a obstinação dos que não têm destino certo, apenas a intuição de que chegarão nalgum lugar que não se chame “cansaço”).
Não sei se há verdade no que sinto. Há sempre uma espécie de embriaguez fingindo alegria. Há sempre uma espécie de lucidez trazendo a raiva à tona. Há sempre uma espécie de entendimento que me deixa vulnerável, emotiva e crítica. Não sei se no auge da minha perspicácia eu admitiria tanta bondade, nem sei se vivendo o meu cotidiano com toda a minha racionalidade eu admitiria tanta ternura. Não sei se admitindo essas características em mim, quando tivesse essa oportunidade, eu seria menos carrasca.
Tenho tanto medo das palavras que machucam que evito meus mais sinceros xingamentos. Porque sei usar palavras pra ferir com todo o dom de um poeta.As mesmas que sempre pretenderam curar. Tenho muito medo da poesia que transfere o medo pro outro, e se vinga dele pra fazer doer de um jeito a dor que não se agüentou sozinho. (Essa que desestabiliza uma pessoa emocionalmente sem a menor culpa).
Na verdade, se é que há alguma, acho que tenho direcionado muita energia pros meus medos.Talvez por isso, eles tenham sido as forças mais presentes no meu cotidiano.E tenham feito do meu coração um ser tão assustado, com tantos sobressaltos.(Por isso, talvez, minhas taquicardias pelo meu mais puro amor tenham parecido apenas maus-presságios).
Marla de Queiroz
quinta-feira, junho 19, 2008
Um suspiro
terça-feira, junho 10, 2008
Da solitude
E o corpo nu e intransigente,
não quer a ninguém, só esse estado
de deslizar tranqüilo ,quase inapetente.
Celebro a solitude que me traz sossego.
E tramo os meus dias em papel de seda azul:
“Amanhã comprarei frutas doces
e incenso de lavanda”,
penso enquanto acaricio o meu corpo nu.
E nada me tocará não seja a música
nem me bolinará não seja o verso.
Amanhã talvez eu queira outra coisa,
hoje estou apenas para mim:
completamente nua,
absolutamente Una com o Universo.
quarta-feira, maio 28, 2008
Notícias minhas...
Na hora do almoço, ando pela praia porque só sinto fome quando não devo. E todos os dias eu só sei dar notícias do mar digitando uma mensagem pessoal no msn.
No final do expediente, volto rápido pra casa escutando o barulho dos carros, cheia de vontades de algum cigarro. E isso me faz tão poluidora do meu ambiente quanto eles do meio.
Não tenho tido tempo pra dramas emocionais nem pra leituras românticas. Tenho sido prática, minhas leituras dinâmicas e isso é hostil demais pro meu lirismo.
A lascívia me ataca toda noite, quando só tenho uma hora curta antes do sono pras minhas segundas intenções não agendadas. (É quando deveria ser minha maior hora de almoço). Por isso esse coito interrompido pelos dias úteis sem utilidade.
E custo a perceber que, pra quem queria enloucrescer, a responsabilidade e o juízo só atrapalharam.
(Enquanto subsisto, que ao menos minha poesia sobreviva a isto.)
P.S.: Tenho recebido muitos e-mails reclamando da demora de atualização do blog...Saibam que se tem alguém se angustia com isso, esse alguém sou eu!Seria delicioso escrever aqui todos os dias, mas quando não me falta tempo, me falta inspiração. Palavras exigem respeito, cuidado, dedicação. E nem sempre o texto fica tão bom, mesmo quando temos todos esses elementos.Daí ele vira um rascunho por um profundo respeito que tenho a vocês que me lêem e divulgam. Enfim, tenham paciência, eu adoraria escrever com muita freqüência sobre os mais diversos temas, mas os textos, por incrível que pareça, exigem de mim uma melhora como pessoa que às vezes não estou pronta. De qualquer forma, cada e-mail desses é um afago no meu coração. E um incentivo a superar todas as adversidades que me impedem de fazer aquilo que mais gosto: escrever.
Torçam para que as palavras não me abandonem. Às vezes, quando demoro tanto, sinto um medo horroroso.Porque sou tão dramática. E vocês exigentes demais comigo. E incrivelmente sedutores. E eu absolutamente seduzível. Obrigada pra sempre.
quinta-feira, maio 15, 2008
" Coisas que só um coração pode entender..."
tão sem dono, tão sem rumo, tão sem memória.
Entro em becos, bares, corações.
Saio intacta, sem impacto, saio rápido.
Quem desenha meus caminhos são meus passos.
Quem desenha meus amores são as minhas conveniências.
Eu transito pelas ruas, toda em cores;
toda força, toda vulva, toda contradições, toda em carne viva.
quarta-feira, abril 30, 2008
(Nossos) verbos de ligação
sexta-feira, abril 18, 2008
Ansiedade
E agora essa inquietação. O peito taquicardíaco, meus dedos não escutam palavras e eu insisto em escrever a desordem interna. Vou dobrando sensações e empilhando nas gavetas tudo separado pelos tons, em degradê.Tento organizar o caos, por cores, mas não controlo o descompasso das emoções.Respiro fundo, me falta o ar.Sinto a mão da ansiedade apertando meu pescoço, uma bolha de alguma coisa presa na garganta. O corpo todo eriçado à espera do próximo passo. De encontro ou ao encontro? Contrários. Com-trastes.”Não se fazem mais homens, pra mulheres como eu”....penso.
Alguma coisa incrível precisa acontecer ainda hoje, enquanto há tempo. Não suportarei esperar mais a eternidade desses próximos cinco minutos.
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Marla de Queiroz
quarta-feira, abril 09, 2008
Sem restaurações
domingo, março 30, 2008
Outono
Peneiro no silêncio algum gesto.
Há vida pra contar, mas falta um jeito.
Palavras tão ausentes, as unhas sem vermelho,
só há vulcões por dentro.
Já é outono, meu amor,
estação em que me despeço de todos os meus gritos.
Há fortes luas e um sol ameno
e a pele da cidade acariciada pelo vento.
(Carícia é palavra que escorre pêlos-dedos-língua).
Alguma nostalgia nos finais-de-tarde.
Eu brinco de poesia na frente do espelho.
Os olhos sem segredos, a boca tão urgente
e um pequeno amor trazido pela brisa .
Já é outono, meu amor, e a palavra em si já é aveludada:
merlot bem encorpado, inverno é cabernet demais e um tanto ácido.
Então me abraça, meu amor,
que eu conto pra você os meus anseios
e deixo que você repouse sua cabeça
entre os meus seios.
*
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Marla de Queiroz
quarta-feira, março 12, 2008
Das descobertas
Quando arrumei minha casa de dentro tinham muitas declarações de amor de gente que já não me amava mais pelo caminho. E quando eu estava prestes a começar uma vida nova, tropeçava nesse passado e nos referenciais antigos e voltava para lá que era um lugar aparentemente mais seguro. E ergui tantas paredes rabiscadas pelo medo.
Descobri, quando abri as janelas, que uma chuva muito forte também tem som de aplausos. Que na pauta dos meus lábios só cabem palavras macias. Que há que se beber do outro também a fonte de idéias para que tudo não se resuma num encontro incandescente de peles porque devemos explorar todas as qualidades do desejo.
Eu descobri que tenho um jeito de gostar exagerando os fatos e que a ficção é o que mais participa da minha realidade. Mas que sempre fica um rastro na minha pele se alguém se demora nas carícias. E que não se pode ter a força de uma represa retendo seus próprios líquidos.
Quando arrumei minha casa de dentro eu descobri que essa é uma tarefa infinita. E há que se reordenar as coisas incansavelmente pra se ter espaço pruma nova cor. E que uma boa base impede um desmoronamento, mas que a implosão da estrutura inteira, às vezes, é a coisa mais sábia a se fazer em determinados momentos.
terça-feira, março 04, 2008
Antes do anoitecer
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
P.S.:
E, no meio de tantas mudanças, algumas desavenças. Só porque aqueles mesmos não entendem, não entendem, não entendem, porque não querem aceitar, que tudo é tão dinâmico e que nem deve ter sido tão brusca essa mudança, mas que a coisa maturou durante um tempo em que só queriam que você se envolvesse numa história DELES, que se misturasse nas emoções DELES, que traduzisse o mais íntimo DELES. E, ao mesmo tempo, você estava amadurecendo uma mudança sua e a coisa toda doía, doía. Mas eles não perceberam. Porque a demanda sobre a vaidade deles era grande demais, importante demais, imprescindível demais pra sua poesia.
E, de repente, a minha poesia não queria falar mais sobre nada disso. Minha poesia queria ser uma carta anônima, um silêncio, uma brincadeira. Minha poesia não queria ser nada além de uma frase jogada do mais íntimo de uma iluminação sobre um determinado assunto.
Porque, no final das contas, o que escrevo nem é poesia... é prosa, é carta, é desabafo, é qualquer coisa. É um bilhete manuscrito pregado no espelho só pra desejar “Bom Dia!”
terça-feira, fevereiro 12, 2008
Num fôlego só...
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
Depois da festa
Confetes, teu chapéu colorido e a minha saia de tule espalhados pelo chão. Agora meus cabelos molhados, tão castanhos, e os teus olhos azuis. Um resto de vinho e Bruna Caram com a voz tão limpa cantando “palavras do coração”, (queria ter dito o nome da música sem usar aspas). A minha cara lavada, o teu sorriso malandro. Um dia escrevi um poema menor que o título, você me disse em itálico. Eu já apareci em algum desses teus jogos de tarô?, interrogava. Sim, sim, meu Cavaleiro de Copas (eu respondia sem travessões). Sabe, eu tenho a sensação que antes de você, nada aconteceu de tão bom pra mim...Você vai escrever sobre isso algum dia? Não sei. Como vou amarrar essas palavras diluídas no beijo?
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Marla de Queiroz
domingo, janeiro 27, 2008
Submissão
tirando cada peça que cobre o meu corpo.
Você nem imagina quanta sinceridade foi adulterada
no exato momento em que eu desviei o meu olhar do teu:
escondi em um segundo, uma vida de intenções.
Fui reeducada para farsas desde que me abandonaram
no meio de um amor tão espontâneo.
Agora não tenho dedos famintos de reações nem lábios lascivos.
Agora tudo é toque leve e avisado, histórias bem-datadas e beijo breve.
E no rosto eu cultivo com afinco essa expressão fria e o olhar vazio.
Tudo é disfarce e nenhuma verdade.
Eu aprendi a cultivar distâncias.
Finalmente eu troquei a minha real intensidade
pela postura calculadamente adequada de moça frágil.
Finalmente eu construí um personagem sem nenhuma poesia.
Agora, todo o meu afeto é discreto e as minhas taquicardias
E o que era blue(s), agora jaz(z).
quarta-feira, janeiro 23, 2008
Sudoeste musicado
O que dói em você, pouco me importa.
Eu não cavei teus abismos de mim.
Fui teu abrigo, teu barco
e lua cheia iluminando o caminho.
Você escureceu nosso afeto,
minou nosso rio.
Pra eu ficar, só precisava do seu toque-agasalho.
Você me deu um punhado de frio.
*
*
Poema de Marla de Queiroz musicado por Daniel Chaudon
sábado, janeiro 19, 2008
Aniversário de dois anos do Blog
Tentou recortar uma paisagem mais gentil que fosse equivalente à alegria, e um céu tão azul aconteceu... Mas o céu sem nuvens era de um azul tão só... Talvez aquela calmaria aborrecesse o seu rascunho. E no fundo, o que lhe faltava era companhia. E pintou uma ventania brusca que trazia chuva e afundava estrelas.