Foto: Graça Loureiro
E o que era blue(s), agora jaz(z).
Ilustro mistérios enquanto me desnudo pra você
tirando cada peça que cobre o meu corpo.
Você nem imagina quanta sinceridade foi adulterada
no exato momento em que eu desviei o meu olhar do teu:
escondi em um segundo, uma vida de intenções.
Fui reeducada para farsas desde que me abandonaram
no meio de um amor tão espontâneo.
Agora não tenho dedos famintos de reações nem lábios lascivos.
Agora tudo é toque leve e avisado, histórias bem-datadas e beijo breve.
E no rosto eu cultivo com afinco essa expressão fria e o olhar vazio.
Tudo é disfarce e nenhuma verdade.
Eu aprendi a cultivar distâncias.
Finalmente eu troquei a minha real intensidade
pela postura calculadamente adequada de moça frágil.
Finalmente eu construí um personagem sem nenhuma poesia.
Agora, todo o meu afeto é discreto e as minhas taquicardias
tirando cada peça que cobre o meu corpo.
Você nem imagina quanta sinceridade foi adulterada
no exato momento em que eu desviei o meu olhar do teu:
escondi em um segundo, uma vida de intenções.
Fui reeducada para farsas desde que me abandonaram
no meio de um amor tão espontâneo.
Agora não tenho dedos famintos de reações nem lábios lascivos.
Agora tudo é toque leve e avisado, histórias bem-datadas e beijo breve.
E no rosto eu cultivo com afinco essa expressão fria e o olhar vazio.
Tudo é disfarce e nenhuma verdade.
Eu aprendi a cultivar distâncias.
Finalmente eu troquei a minha real intensidade
pela postura calculadamente adequada de moça frágil.
Finalmente eu construí um personagem sem nenhuma poesia.
Agora, todo o meu afeto é discreto e as minhas taquicardias
semi-ausentes
(para que me ame e nada doa em você.)
E o que era blue(s), agora jaz(z).
*
*
Marla de Queiroz
19 comentários:
Ai.
Não sei se isso ou aquilo, mas me doeu fundo.
Não sei se felicidade ou tristeza ou somente conformação.
Só sei que me doeu.
Belo de doer.
Então... Faz muito tempo q te leio em silêncio. Mais hj não resisti... pq tuas palavras vem bem de encontro com o q sinto (se bem q eu tenho mania de desvirtuar palavras..rs), com o q sou: "Aprendi a cultivar distâncias". Sem contar q o recurso dos parenteses (os quais utilizo muito tb) são ótimos pra tirar o sentido da frase e dar margem a outra interpretação... enfim. Gosto, muito, da sua escrita. Não é vazia. Sinto q vem de sentimentos triturados e transformados em letras.
Beijos!
Com que graciosidade despes as palavras e as pões na pele que ponteias de arrepios...
K4U
Pa
Marla e a belezura de suas texturas a pintá-la!
beiJardins
:)
eu nem sei o que dizer.
Estou emocionada. vc tem o dom de transformar em palavras os meus sentimentos. Tudo parece tão belo, inclusive a dor.
Parabéns,
lindo texto
Que lindo texto!
Meu Deus!
És uma criança e as palavras teus brinquedos!
Unicamente lindo!
"Você nem imagina quanta sinceridade foi adulterada
no exato momento em que eu desviei o meu olhar do teu:
escondi em um segundo, uma vida de intenções."
Tocou tão fundo que não pude deixar de comentar. Lindo, como sempre, mas especialmente adequado ao meu momento.
Obrigada, Marlarida!
Beijos.
ser composta por urgências dá o mote de tudo que vc faz... gostei
bj
Belo poema!! E que verso:
"Finalmente eu construí um personagem sem nenhuma poesia."
Sublime!!!
Bjs,
REMO.
Quantas vezes temos que fingir pra que tudo possa então acontecer...
Máscaras cotidianas...
É.
Ah,
linda linda linda.
Beijo.
Houve um tempo em que eu fiquei especialista em "cultivar distâncias".
Beijos, querida.
Nos intervalos: sanidade.
Mas o tempo não é eterno nem para as loucuras desbravadas! (;
Beijos, flor.
Não acredito, já disse. Escusa de insistir .A sua personagem é toda poesia, para quem sabe lê-la .
Nada Jaz, tudo é JAZZ.
Geraldes de Carvalho
Olá Marla...
Sempre passo por aqui e leio seus (ótimos) textos...
Já percebi o quanto gostas de Clarice Lispector (não precisa ser gênio para ver isso, né?!), por isso lembrei-me de você quando vi essa carta escrita por Caio Fernando de Abreu para Hilda Hilst falando sobre seu primeiro encontro com Clarice, não sei se você já leu, mas deixo o link...
http://cadernos-da-belgica.blogspot.com/2007/11/carta-de-caio-fernando-abreu-para-hilda.html
beijos
Beautiful... so true...
Simplesmente M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.O.!!! Parabéns por tantas palavras cheias de amor e sensibilidade!
eis então a tradução que não sou eu. não sou eu..ponto..
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...