quarta-feira, abril 30, 2008

(Nossos) verbos de ligação


Foto: Sónia Cristina Carvalho


Rabisco passos no rodapé da página e percorro o caminho em branco ao encontro dele. Sei que vai me olhar surpreso e que vou fingir certa displicência como se o encontrasse por acaso. Contarei tantas novidades que pareceremos dois desconhecidos. Mas não vou saber explicar a deselegância das minhas vontades, o desejo intruso que me assalta quando o vejo. (nem esse meu medo de chegar atrasada no seu afeto). Vou fingir um olhar imperturbável e palavras quase engajadas num silêncio. E pras suas mãos argumentativas, minha maior sinceridade: os meus ombros nus, exclamativos. Não me incomodará nem mesmo esse tempo todo em que se ausentaram de mim os versos_quero conjugar com ele, dessa nossa ligação, os verbos: ser, estar, parecer, permanecer, ficar...

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Marla de Queiroz

sexta-feira, abril 18, 2008

Ansiedade

Foto: Carolina

E agora essa inquietação. O peito taquicardíaco, meus dedos não escutam palavras e eu insisto em escrever a desordem interna. Vou dobrando sensações e empilhando nas gavetas tudo separado pelos tons, em degradê.Tento organizar o caos, por cores, mas não controlo o descompasso das emoções.Respiro fundo, me falta o ar.Sinto a mão da ansiedade apertando meu pescoço, uma bolha de alguma coisa presa na garganta. O corpo todo eriçado à espera do próximo passo. De encontro ou ao encontro? Contrários. Com-trastes.”Não se fazem mais homens, pra mulheres como eu”....penso.

Alguma coisa incrível precisa acontecer ainda hoje, enquanto há tempo. Não suportarei esperar mais a eternidade desses próximos cinco minutos.

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Marla de Queiroz

quarta-feira, abril 09, 2008

Sem restaurações


Desconheço o autor da foto


Olhando a foto, foi quando eu descobri que tua ausência inda doía e o tempo que passou não me serviu como remédio. E a minha paciência foi inútil e todo desapego incompetente. Eu me desvencilhei de livros, cartas e bilhetes e me desmemoriei por algum tempo.(Quis tanto ter você, depois silêncio). Mas nessa tarde estranha em que ensaio versos, só vem tua falta à tona...E eu desamarro um pranto que eu sei tão antigo...(Desculpa essas palavras com cara de choro): ainda há reticências.
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Marla de Queiroz