segunda-feira, janeiro 30, 2012

A Poeta Descalça


É na poesia que me entrego,  me desnudo, visto o corpo das palavras com meus poros. Por isso, no palco, meus pés descalços, minha alma em brasa, meus olhos vivos, coração que palpita asas, meu frio na barriga.

É na minha prosa que me reconheço, me destrincho, amanheço. Visto o corpo das palavras com a minha pele. Por isso, no palco, meus pés inquietos criando passos, minha alma em brisa, meus olhos abertos, coração taquicardíaco, o tremor nas mãos, a emoção precisa.

É na minha entrega que meus textos nascem, minha honestidade num suspiro. Por isso, no palco, minha voz imposta criando a respiração das frases, minha alma vibra, olhos que salivam, coração criando fôlego, minha energia derramando água doce, sal de mar e sangue... Tudo que meu corpo necessita.
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Marla de Queiroz!


P.S.: 
Amores!!!!!!!!
HOJE!!!!!!!!!!!!!!!Dia 30/01/12, eu e o meu querido e amado amigo e poeta Sérgio Gramático Júnior, vamos inaugurar um evento de poesia mensal NOSSO! Além da apresentação de nossos poemas, disponibilizaremos o microfone aos que quiserem mostrar o seu trabalho.Adoraria poder contar com a presença e o apoio de vocês.
Onde? Espaço Cultural Correia Lima (Bento Lisboa, 58) - Catete-RJ
Quando? 30/01/12, sergunda feira,a partir das 19:30h!
Quanto? R$ 5,00 a entrada.

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Sob o sol de São Paulo


Eu vejo a cidade com outros olhos agora: não reconheço nada, eu vejo com olhos que veem como se fosse a primeira vez, com o mesmo espanto primordial de uma criança que descobre o mundo. Eu, quando me ofereci para visitá-lo, talvez quisesse reparar aquele abraço que nunca te envolveu completamente. E você, finalmente, pôde tomar conta dos meus pesadelos. E impediu que me fizessem mal naquela hora em que me apertou forte durante os meus espasmos_ eu tão assustada naquela caverna triste, úmida e escura, acordei num abraço quente, naquela cama macia. (Foi quando tive a certeza de que sou a minha bagagem e de que ela é metafísica, independente da geografia).
Quando tirei aquelas fotos, saturei as cores do nosso amor opaco, mas nada estava insuficiente. Embora eu sempre fosse seduzida pelo que há de mais fosforescente... Mas pude brincar nos faróis fechados e adentrar todas as portas que você abriu para mim. E achei tão bonito que alguém pudesse morar na Rua Simpatia, esquina com a Harmonia: quanta delicadeza guardada num endereço.
Quem sabe eu possa congelar nossa alegria, um dia, num porta-retrato. E você vai me reconhecer mergulhada no azul piscina com o biquíni azul e a aura ensolarada.
E mais uma vez, eu estava com as minhas malas prontas e fechadas. E você se despediu por longos quinze minutos e eu consegui dormir durante breves seis horas.
Quando voltei para a minha rotina corrida, nada mais incomodava. A cidade estava sonolenta, a casa aquecida, os móveis intactos, as ruas varridas e poucos amigos para partilhar_ aprendi que devo ter os meus segredos. Mas a sacola de livros aumentou de peso e as histórias que me interessavam mudaram de tom. (Lembro que você me disse que das músicas que ouvimos, eu presto atenção nas letras e você no som).
Mas eu queria te contar, se é que você já não sabe, que as minhas certezas sobre nós dois não mudaram, estão na mesma gaveta, talvez guardadas num vídeo-poesia, na sua taquicardia, na minha hora do chá, nas tardes de nostalgia, nos sentimentos que ficaram estagnados nos meus parágrafos sem lugar. E que hoje eu amanheci mais bonita e caminhei debaixo do dia líquido, sem guarda-chuva, quase descalça, leve, disposta, sem procurar respostas. E quando eu leio que Henry Miller fez tanto a Anais Nin sofrer, gosto de não querer mais, por enquanto, o que é arrebatador.
Perdoa eu ter escrito tanto sobre o meu novo olhar sobre a cidade e outras coisas diversas, eu sei que você esperava que eu falasse mais de amor.
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Marla de Queiroz

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Colcha de retalhos tecida sobre os relatos de alguns dos meus leitores...


 Desconheço o autor da foto

Queria poder escrever sobre a casa amarela que implodiu um coração e soterrou nela a crueldade disfarçada de amor de quem a construiu. Queria poder escrever sobre o amor desbotado que não sobreviveu às paredes pintadas e aos móveis caros. Queria poder escrever sobre o azul dos olhos molhados de mar do menino que contempla a grandiosidade das águas salgadas em suas fotos rasgadas. Queria poder escrever sobre a artista que borda delicadezas ao redor de personagens clássicos e os adorna com poesia, mas que tem a melancolia como sua grande meta a ser vencida. Queria poder escrever sobre a separação desastrada de um casal que ainda se amava e precipitou uma bifurcação em suas novas estradas. Queria poder escrever sobre a menina que desabrochou sua sexualidade da maneira mais pura e genuína e descobriu tanto prazer que agora desenha versos em seus comentários diversos. Queria poder escrever sobre o abraço que eu não te dei. Queria poder escrever sobre o e-mail desesperado que pedia conselhos sábios e que não pude responder com meus conhecimentos flácidos sobre os amores idos. Queria poder escrever sobre as saudades que invadem pensamentos na hora mais bonita da tarde. Queria poder descrever o sabor daquele beijo roubado. Queria poder escrever sobre a tentativa de esquecer que um novo ano começou e que ainda nada, absolutamente nada mudou. Queria poder escrever sobre a sua agonia de estar apaixonado pela sua melhor amiga. Queria poder escrever a palavra escondida para desatar o nó que não te deixa descomplicar tua vida. Queria poder escrever até amenizar tua vontade de estar comigo. Queria poder escrever sobre o teu romance clandestino e virtual, sobre o teu desejo de viver um sonho real, sobre a tua capacidade de chorar nas entrelinhas de um bilhete colorido. Queria poder escrever a minha vontade de conhecer além do avatar de tantos e tantos amigos. Queria poder escrever sobre o que não pôde ser escrito. Queria poder consertar, encher de alegria e renovar tantos corações partidos.
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Marla de Queiroz