segunda-feira, julho 20, 2009

Sobre a amizade

Foto: Joe Taruga

Porque hoje é dia do amigo, gostaria de republicar este texto sobre a amizade que estava perdido nos meus arquivos.

Eu nunca fiz amigos tentando ser interessante. Todos os amigos mais íntimos que fiz foi porque me interessei verdadeiramente por eles. Me interessei pelo que doía, pelo que o fazia gargalhar, pela forma como banalizava histórias tristes, pelo jeito com que dramatizava fatos aparentemente banais...Todo mundo quando descobre certa receptividade no outro abre seu coração com tamanha generosidade, que fica difícil não fazer o mesmo. Porque a escolha é sempre nossa. A gente se abre, o outro percebe e se abre simultaneamente_ sempre nessa expectativa do encontro. E quando flui, tudo nos parece mágico.Mas depois vem o que fazemos com tanta informação, com aquela confissão, com aquele momento de entrega. É isso que vai solidificar o que quer que tenha começado. E quando isso não é um dom, é um exercício.Sempre tenho a impressão de que meus amigos têm talento para sê-los. Que são pessoas que nasceram pra essa troca incrível, com esse jeito maravilhoso de encher de sagrado qualquer encontro. Sempre lembro que se fulano (que para mim vive em outro patamar espiritual, emocional, intelectual, etc) me es-colheu, é meu termômetro pra pensar: “vá em frente, você está vibrando na energia certa”!...Isso me faz acreditar mais em mim e a ter vontade de me melhorar diariamente porque sei que o quer que eu faça ou fale, nunca será o suficiente para parar de investir numa relação: o ser humano é dinâmico, está em constante processo de mutação e carecendo de novas trocas.Com minhas amizades aprendo, inclusive, a me relacionar afetivamente com pessoas mais saudáveis quando reflito: “beltrano, (por quem estou fortemente atraída), seria alguém que eu indicaria para minha melhor amiga ou uma filha?”Quando a resposta é NÃO! O que me fez pensar que seria o melhor para mim???É o tipo de amor que não me deixa estagnar na consciência, mas me leva à ação.Tudo que eu sou eu devo ao que fui, à minha criação, ao que me doeu longamente, às alegrias que tive, às pessoas que conviveram comigo,aos valores que me passaram e ao que transcendi. Tenho tanta consciência da importância do outro na minha vida que digo que sou viciada em gente: com seus problemas, suas virtudes, sua simplicidade, ou complexidade, com sua disposição pro amor ou a sua dificuldade de. Porque eu sempre vou encontrar casa numa característica, qualidade ou defeito do outro, nem que seja pra rejeitar naquele momento e me sentir superior ou inferior. Tudo é instrumento para que eu me trabalhe quando me deixo vir à tona através das projeções que faço.Não sou uma pessoa fácil, embora quem me veja, ache que sim. Às vezes me alimento das belezas que as pessoas me dão ou me desprezo quando me rejeitam.Sou exagerada em tudo:oscilo demais, fico melancólica demais, alegre demais, agressiva demais, doce demais, carente ao extremo, independente além da conta. Mas sempre tento estar atenta a minha responsabilidade, a ter o cuidado de dizer ao outro que o processo é meu, o problema é meu ...que ele me trouxe à tona e que às vezes no primeiro impacto isso pode ser assustador. Porque a honestidade sempre salvou as minhas relações e me permitiu ser amada sendo quem eu estava, porque somos o que estamos.Depois descobri que a gente se desilude com amigos sim, mas que ninguém tem tanta força pra me ferir. Só terá se eu der a ele esse poder. E que quando abraço uma pessoa inteira( porque eu, sinceramente, não consigo abraçar sem entrega), sei que estou trazendo pra minha vida uma pessoa com tudo o que ela tem dentro: seu passado e tudo o mais que a formou além da essência. E acredito tanto na minha intuição e na minha sensibilidade que confio que sempre haverá a troca_ de um jeito torto, truncado ou fluido_ eu só dependo da minha criatividade: com ela eu escolho se usarei meus vazios e minhas decepções pra me lamentar ou como espaços que eu tenho pra crescer ou, ainda, se saberei aceitar amor e confiar simplesmente.É por isso que críticas podem até me baquear, mas não me desnorteiam e que elogios me nutrem, mas não me envaidecem (mais)...Porque nunca fiz amigos tentando ser interessante...

*
Marla de Queiroz

quarta-feira, julho 15, 2009

Meu melhor amor



REDESCOBERTA

Há horas em que temos de parar tudo, por mais urgente que seja, ou pareça ser. Não há alternativa. É necessário olhar por uma lente invertida que remete à alma, gerando impressões sobre o que está acontecendo. E tudo pode ser um sinal, um pedaço de vida perdido num espaço aparentemente inóspito e repentinamente resgatado.
Redescobrir (de novo) esse amor é perceber o quanto ele é valioso e enriquecedor, é lembrar de um detalhe da boca dela, da tonalidade única da voz, de todas as sacanagens faladas no chuveiro mas ter certeza de que tudo isso é apenas o registro genérico de algo muito maior que ocupa um espaço imenso do coração bobo. E aí, mais um sinal: o verde não pode invadir o roxo, tudo composto numa obra viva de arte em que, com liberdade, se pode “olhar pro mundo e para si próprio com uma visão ilimitada”. O Universo, TODO ele naquele instante, é muita compreensão e paciência, combinados com a “insistência de um mergulho na correnteza”, por mais perigosa que seja. Agradeço a vc, Universo, por me permitir sentir e trocar, viver e aprender, ser feliz para sempre num fim de semana e nele experimentar todos os extremos de um amor LIVRE que se pronuncia eterno. E que será sempre a síntese da pintura em que as cores não se misturam, mas que, uma sem a outra, anulam a poesia.

Ass: SEU POETA PARTICULAR

Eu nunca precisei estar apaixonada para estar feliz. Sempre tive os amores alheios para pontuar os meus textos, minhas histórias meio tortas pra humanizar minha solidão e aprendi que palavras também enfeitam silêncios.E estava mais que conformada com a vida sendo assim: dias úteis, feriados, sol e frio, chuva e vento, um breve amor trazido pela brisa.E uma dose de esperança para iluminar o meu rosto. Mas quando o meu corpo encontrou esse amparo que é o seu, pensei: em algum sonho eu já estive aqui. Eu sabia que era possível um amor assim, talvez porque tivesse lido em algum livro.Eu sabia que era bonita uma história plena, talvez eu tenha visto no cinema. Mas esse amor perfeito, sendo real e possível, talvez eu nunca tenha concebido. Agora eu entendo as coisas que foram ficando pelo caminho, as frases que se atiraram dos meus versos, as dedicatórias só com as iniciais de algum nome perdido, os conflitos que encarei mesmo quando havia apenas um cansaço. Agora entendo por que eu celebrava o que eu tinha e o que perdia. O quanto eu me preocupei em me lapidar e viver em harmonia, o quanto eu precisei escutar pra entender quando era a hora errada ou pra poder saber dizer a coisa certa. É porque eu precisava estar pronta na sua chegada.

Falar do nosso amor é tão difícil porque não encontro um tamanho assim nas frases.Ele é essa poesia fluida, inacabada, uma estrofe acrescentada a cada dia. A metáfora perfeita que se dá em cada beijo.Eu me emociono, meu amor, por essa perpétua manhã que você abre em mim. Eu me comovo por receber diariamente essa primavera emocional no meu peito.Essa alegria que você sabe expandir quando eu pensava que nem era mais possível. Não há como falar sobre você sem entrar num total estado de gratidão.

E é com a obstinação de quem quer dizer sobre esse amor que nem se explica, que tateio essa explosão de afeto procurando ao menos a textura pro meu texto.

Meu amor, meu muso, meu menino bom, meu galã, meu poeta particular...Quantas cartas de amor eu pressenti, escrevi e assinei em tom profético; Te amo, estranho...Só agora eu descubro o teu nome: Te amo, Igor. Com apenas este erro: o sintático.

(Hoje é seu aniversário e eu fiquei pensando qual melhor coisa eu poderia te desejar: desejo que tenhas alguém igual a você em sua vida...)


*

Marla de Queiroz ( MARLAmando o perIGOR)

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P.S.1: O texto anterior ao meu é apenas (!) um dos maravilhosos e-mails que recebo

diariamente deste homem incrível que me deixa muda!

P.S2.: Amores, peguei mais 10 exemplares do meu livro na Editora.

Interessados em adquirí-lo com dedicatória, e-mail para: marlegria@gmail.com

P.S.: Amores, dêem uma lida no blog Cartas ao Joaquim, por favor, preciso da ajuda de vcs!



segunda-feira, julho 06, 2009

Compreensão e Paciência

Foto: Joca (Max) Pinto

No caminho onde o amor impera, existe uma felicidade guardada que ora se derrama, ora se dosa a conta-gotas quase que para provocar um receio. É que não estamos nunca de todo conquistados e até os laços mais eternos também têm suas fragilidades.E, ao mesmo tempo em que numa relação saudável podemos ser tão transparentes, há um pequeno mistério a ser constantemente desvendado.Como se em determinados momentos, tivéssemos que segurar o suspiro, ou guardar a frase de efeito para hora mais adequada. Como quando mesmo com muita vontade de dormir junto, tivéssemos que escolher a saudade pra valorizar aquele abraço.Amor assusta e dói, mesmo quando é só prazer.Toda possibilidade de passo contém em si a do tropeço.E é assim que a vida trama o inusitado para que a alegria não se esvazie na previsibilidade dos tempos. Não existe fórmula para que o amor dê certo, posto que tudo é tão dinâmico sempre.Mas existem duas virtudes que suavizam quaisquer conflitos: a compreensão e a paciência. Compreender é um exercício de alteridade: você, ao invés de julgar, se coloca no lugar do outro numa passividade profunda até que haja sentido nas atitudes, pensamentos e argumentos dele.E a paciência que se precisa ter pra esperar os processos, o amanhecer, a chegada do fim da tarde pro reencontro.Paciência para esperar que todos os sentimentos se acomodem em meio a todo aquele amor desmesurado.Em meio a todo aquele medo de que tudo dê errado.Compreensão e paciência podem preencher o vazio mais maciço.E as duas provêm de uma sensibilidade lapidada. O que se ganha com isso, além de uma evolução mútua dentro de um relacionamento, é um melhoramento individual de ambas as partes.Estar com alguém sem transformar-se é esterilizar uma importante etapa de aprendizado.Estar com alguém sem conhecer-se é subjugar o Universo que existe em cada um.Estar com alguém sem estar inteiro é minar a oportunidade mais especial de encontro.Não é preciso aceitar para compreender, nem estar passivo pra ser paciente. O que essas duas virtudes exigem é respeito: por si, pelo outro e pelo desenrolar dos fatos.Quando estamos UNOS com o TODO podemos perder o ritmo na Dança do Universo, mas permaneceremos sempre de mãos dadas.

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Marla de Queiroz

P.S.: meu livro com dedicatória: marlegria@gmail.com


quinta-feira, julho 02, 2009

Soneto (presente)



MARLA


A Marla, a que é Queiroz, do Polem é a musa
Que cria ao seu redor uma empatia.
Pois, dela, se emana, em luz difusa,
Seu charme que, ao grupo, se irradia.

É bela, com a beleza que cativa,
Pois, nela, é inerente a simpatia.
A voz, que aos poemas enfatiza,
É doce, com o verso em harmonia.

Na praia, todo o Polem, agradece,
A graça da presença que enaltece
A própria poesia que ela tece.

Até, Copacabana, encantada,
Diante à Lua cheia prateada,
Exalta a que é, do Polem, a namorada.

(Manoel Virgílio)

P.S.: Agora me digam como se agradece coisas assim!Pra quem ainda não sabe, POLEM é nosso encontro semanal de poesia aqui no Leme. Toda quarta-feira, a partir das 19h, quiosque Estrela de Luz, em frente ao La Fiorentina.
Meu livro com dedicatória pelo e-mail: marlegria@gmail.com
P.S.2: Em breve post novo...Ando tentando organizar tanta alegria pra escrever aqui pra vcs.