terça-feira, junho 29, 2010

Palavras


Palavras comportam pessoas, paisagens, todas as formas de amor, silêncios.
Palavras cometem bilhetes, sonetos, cartas,contratos.
Palavras confortam, instigam, preenchem.
Palavras também se ausentam, entendem vazios.
Palavras constroem histórias, imagens, conceitos.
Palavras aceitam tudo, palavras não têm preconceito.
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Marla de Queiroz

P.S.:Este poeminho eu escrevi para o blog da Maria Filó no dia do orgulho gay.

sexta-feira, junho 18, 2010

Efervescências

Desconheço o autor da foto


Acordar ao seu lado, esse eterno amanhecer por dentro, um sol interno tão aceso, essa alegria gratuita. E existe algo em nós que é tão recíproco cúmplice e intenso. Dos nossos olhares que dizem tanto sobre tudo silenciosamente. Um movimento de corpo que é tão ao encontro o tempo todo. Da compreensão e paciência a que nos dedicamos diariamente. E o amor que permeia tanta poesia, e a poesia que se entrega inteira pras palavras que querem dizer do abraço. Seu corpo tão moldado ao meu, natureza líquida de água e jarro. Você me conduzindo à fonte de todas as coisas, lá onde o desejo se origina. E nada míngua com o passar do tempo e mesmo acreditando não ter mais espaço, cresce, flui, se imensa clareando o que era escuro e frio.Cada vez mais e mais eu preciso dizer do amor. Dessa ternura delicada. Cada vez mais o amor sendo a melhor experiência. Cada vez mais eu percebendo que se nada no mundo é definitivo, nossa história eu sei perene. Uma primavera inaugurada a cada dia. E mesmo que nada possa ser eterno, mesmo que o “pra sempre” não exista, eu sei que vou seguir te amando, pelo menos, pelos próximos 99 invernos.

(E se ainda eu não consigo explicar você pra mim, eu simplesmente aceito e agradeço.)

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Marla de Queiroz

sábado, junho 12, 2010

Namoramar







Namoramar
para seguir de mãos dadas
e projetar no futuro o presente.
Namoramar
para se sentir acompanhada
mesmo quando o outro está ausente.
Namoramar
para encontrar no amor sua casa.
Namoramar
para ter em si o aconchego que é estar
tão na-morada.


(Namoramar para desenhar sentido na rotina e descobrir no
verso seu inverso ou sua rima).
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Marla de Queiroz
P.S.: Este poema eu escrevi para o blog da Maria Filó ;-)
EU AMO MORAR NESTE ABRAÇO!

terça-feira, junho 01, 2010

Desafeto



Foto: Carlos Tavares


Não quero mais o beijo molhado, o derretimento castanho dos olhos, o sorriso sacana. Não creio mais em tardes febris ou saudades desesperadas. Tudo é verbo, verso, papo furado. Tudo pode ser rasgado, cuspido, jogado no lixo. Obra prima perdida em rasuras. Poesia sem calor de corpo. Paixão destituída de loucura. Fogo morto.

Não quero mais o encaixe de tudo, o perfume da pele, a carícia dos dedos. Não creio mais em noites acesas, em madrugadas intensas, em manhãs de luxúria. Tudo é fome e desejo de saciedade. Tudo é espera por novidades. Displicência de afetos, perda de tempo, sexo sem vontade.

Não quero mais sensações de eternidade, abraços pra sempre, sussurros de amor. Creio em frases desacompanhadas, em palavras cruas, textos sem autor. Tudo é falta de comprometimento, tudo é vácuo, vazio, relento. Tudo é falta de rumo, um peito apertado, tristeza sem dor...

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Marla de Queiroz

P.S.: Amores, obrigada por tudo!!!! Vocês sonetizam minha vida!
P.S2.: Texto baseado em fatos surreais! L.S., obrigada pela confiança e por compartilhar
tua história comigo.