Observo por um tempo o comportamento solitário das palavras e espero até que elas queiram se relacionar. Se encosto uma ao lado da outra e há estranhamento, talvez nasça um texto bom.Se as aproximo e o abraço imediato, talvez eu só consiga chegar ao lugar comum do romantismo.Tenho procurado em mim mais rebeldia poética.Eu queria conseguir dizer algo tão inusitado que mudasse a minha própria leitura de mundo, meus relacionamentos. Minha inquietação vem dessa vontade de me aprofundar no desconhecido sem a pretensão de conhecê-lo. E me embrenhar com entrega na coisa viscosa que é o escuro das coisas. Como um amante viril, queria adentrar o corpo do conteúdo do mundo por puro instinto, sem essa preocupação com a delicadeza. O dizível não tem me seduzido ao ponto da insônia. Eu não quero namorar o marinheiro, eu pretendo o maremoto_ criar num corpo um cais e deixar que tudo seja engolido até que eu não tenha novamente chão...e mergulhe.Ando habitada por redemoinhos e alguns versos de água doce que eu ainda não chamaria de chuva.É mais perene do que isso e fluido como um rio.Mas é meu e solitário.
Usei todos os meus recursos estilísticos até aqui porque pretendia contar uma história. Mas ela foi tão rasurada que, percebi, não pode mais ser salva.
Usei todos os meus recursos estilísticos até aqui porque pretendia contar uma história. Mas ela foi tão rasurada que, percebi, não pode mais ser salva.
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Marla de Queiroz
P.S.: Meu livro com dedicatória comigo pelo e-mail: marlegria@gmail.com ou pela Editora Multifoco.