quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Paiságina

Foto: Gabriel Angra

Observo por um tempo o comportamento solitário das palavras e espero até que elas queiram se relacionar. Se encosto uma ao lado da outra e há estranhamento, talvez nasça um texto bom.Se as aproximo e o abraço imediato, talvez eu só consiga chegar ao lugar comum do romantismo.Tenho procurado em mim mais rebeldia poética.Eu queria conseguir dizer algo tão inusitado que mudasse a minha própria leitura de mundo, meus relacionamentos. Minha inquietação vem dessa vontade de me aprofundar no desconhecido sem a pretensão de conhecê-lo. E me embrenhar com entrega na coisa viscosa que é o escuro das coisas. Como um amante viril, queria adentrar o corpo do conteúdo do mundo por puro instinto, sem essa preocupação com a delicadeza. O dizível não tem me seduzido ao ponto da insônia. Eu não quero namorar o marinheiro, eu pretendo o maremoto_ criar num corpo um cais e deixar que tudo seja engolido até que eu não tenha novamente chão...e mergulhe.Ando habitada por redemoinhos e alguns versos de água doce que eu ainda não chamaria de chuva.É mais perene do que isso e fluido como um rio.Mas é meu e solitário.
Usei todos os meus recursos estilísticos até aqui porque pretendia contar uma história. Mas ela foi tão rasurada que, percebi, não pode mais ser salva.

É composta por desertos esta paiságina...

*

Marla de Queiroz

P.S.: Meu livro com dedicatória comigo pelo e-mail: marlegria@gmail.com ou pela Editora Multifoco.

16 comentários:

Anônimo disse...

Srta Encanto...
Até aqui,pensava existir em mim racionalidade…agora sei que está imersa em cada palavra - "sua".

Beijo de-Lume.

( "...Se tudo fosse,de qualquer modo..." )

Amanda Proetti disse...

Nunca haverei de entrar aqui, me deparar com o seu novo e deixar de me surpreender, mesmo que pense que já presumo... e que bom que assim é! Belezura de texto!!!

Iêda disse...

Já estava com saudades de ler novos textos aqui! rsrs E vim correndo qdo vi que tinha atualizado o blog, A.D.O.R.E.I!!! Palavras lindas nessas Paiságina!
Beijão

Circo Golondrina disse...

Ah, linda, deixa a aridez entrar. Às vezes é o que a gente precisa pra encontrar a palavra que ainda não foi dita. E aí, você a escreve e a gente lê. Boa sorte ;o)

Rayanne disse...

Marlinda.

Os canais seguem mudos, ou roucos. Na Fervura do mês, incêndios e abalos sísmico, o dia-a-dia se precipita sobre as delicadezas e arrastam os olhos, as vontades, os poemas. Eu decidi que por correio, e-mail, encomenda não quero seu livro. Quero seu livro queimando as minhas mãos junto com o abraço incrustado das saudades mais antigas e fundas. Eu quero o livro, o abraço, e teu riso cristalino preenchendo de musicalidade o encantamento. Eu espero esse maremoto poético nos concentrar todos num mesmo ponto pacífico em São Paulo. Maio. O amar vai agitado dentro do meu peito, e a possibilidade de tanta poesia e beleza juntas me venta idéias. Mas eu precisava dizer. ANda uma saudade urgente tua, precisando realizar-se num abraço e num agradecimento para as palavras que você me disse e mudaram tudo. O resumo delas todas? "Vai". Eu só precisava mais isso. Prá cair nessa vida de peito aberto, sem coletes, sem defesas.
Eu guardei prá você as melhores doçuras, prá devolver toda a energia e alegria. Prá te iluminar o caminho do cetro de netuno....prá você encontrar o camonho dos maiores maremotos e voltar com a rede ancorada na essência das palavras. Você vai, eu sei. As palavras mais ariscas deitam as sombras para os teu versos.
A saudade espera até maio.
*AMO*

**Estrelas maiores**

Juliêta Barbosa disse...

Marla,

Brincar com as palavras me permitiu exercer a face oculta dos meus sentimentos inconfessáveis. Dei-lhes um nome: saudades, e a partir daí, pus em prática a atividade lúdica de manusear as letras do alfabeto do amor. Peguei-as, e com elas, criei as minhas contradições. Ora, somava-lhe um sinal – uma pausa – e lá estava o meu amor latente, entre vírgulas, disfarçado; ora, ele assumia a sua intrepidez e dava abrigo aos meus desejos mais secretos.
Quisera ter um pouco dessa rebeldia poética para mudar curso das minhas palavras, mas eu só consigo falar de amor. E, ao final, deságuo as minhas urgências e curo as minhas velhas feridas. Estou em fase de cicatrização!

Fernando Gasparini disse...

Se eu puder te resumir, além de irremediável - o que não tem cura, remediado está - você também é irredutível.

Eduardo Tornaghi disse...

Legal amiga
acho que você devia conversar com Jorge de Lima. A invenção de Orfeu ou o livro de MiraCœli são bem parecidos com o que você busca.
até
ET

Anônimo disse...

Marla querida,
fiquei encantada com seu texto sobre o amor. Posso colocar na minha página com seu crédito??
bjuss
Adri

Anônimo disse...

Oi Marla

me interessa
tua amálgama
não me estressa
tua palavra alta

To morando em Palmas
Natanry, amiga de Anne
deu-me o reclame

To gostando pacas
Entre
Sem bater na porta
no meu blog
sem prosa

Só tapete
de poesia
Deite
ainda que sem rima

reflow disse...

adorei seu blog!!!!! um bj e sucesso!

Lubi disse...

suas palavras me fazem feliz.

beijo.

Alexandre Ofélio disse...

Marla, parebens pelo seu dia

Montanha

Tamires Amaral disse...

Marla, querida!
Fiquei encantadíssima com teus textos, pretento sempre acompanhar teu blog.
E gostaria de saber, quanto custa seu livro? =)

Obrigada.
E Parabéns.
beijo

Carla S.M. disse...

História rasurada e mais-que-perfeita.

Birra disse...

Sou novata aqui, mas gostei muito do pouco que li. =)
"Minha inquietação vem dessa vontade de me aprofundar no desconhecido sem a pretensão de conhecê-lo". Isso, por exemplo, dá fôlego a uns três textos, pelo menos. Muito bom!
Devo voltar em breve.
Qualquer curiosidade e qualquer tempo disponível, visite o birraemcompota.

Até!
Rafaela Fernandes.

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...