segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Alguma tristeza...

Foto: Maria Salvador


Este silêncio é assustador. Não porque talvez ele não seja necessário, mas porque mesmo sendo necessário, ele machuca. E ando muito ferida pra suportar um pouco mais de dor. Então eu queria que alguém me dissesse que vai ficar tudo bem, sabe? Porque esta incerteza toda tem me desnorteado demais. E uma ansiedade aguda toma conta de mim minuto a minuto.E ainda há a saudade.E mesmo que as previsões sejam positivas, tudo ainda me parece tão longínquo!E estou com pressa, e sede e fomes demais. Percebe como minhas palavras estão respirando com dificuldade? Então eu te peço pra não me deixar tão sozinha assim nesta fase. Mesmo que haja sol e as ondas vão e venham incansavelmente me lembrando do movimento da vida, a sua voz me faz tanta falta quanto uma brisa. Não que tenha me faltado companhia, mas em algum momento o abraço termina porque as pessoas têm as suas vidas. E ainda, o barulho das cidades têm me incomodado tanto quanto este silêncio denso. Então eu fico sem saber pra onde ir. E fico tão sonolenta e encolhida no meu canto até que alguém venha me abraçar novamente. E às vezes esse socorro demora tanto por causa da minha necessidade sempre tão urgente de tudo. De paz. Por não querer sufocar ninguém, fico aqui, sufocada.

Só estou te dizendo estas coisas porque acho estranho você não ter a menor curiosidade em saber como tenho me sentido. Depois de tudo. Porque não existe um segundo sequer em que eu não pense e queira saber e deseje que você esteja bem. Só isso.

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Marla de Queiroz

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Transmu(d)ando

Foto: Carlos Tavares

Quisera descansar meu peito como se houvesse outra vida em mim. Saber-me dona do meu tempo, repousada e calma na inspiração. Quisera encontrar abrigo numa paz maciça de esquecimentos. E que o dia não terminasse abrupto na eternidade do melhor momento.

Mas há que se dizer de fases em que algumas frases vêm anoitecidas. E a força foge ao controle e a tristeza invade um bocado da vida.E o choro não resolve nada, nem nos desvencilha desse mar de dor. Se o peito de engasgado cala, quem será a voz a me falar de amor?

Mas há que se dizer também que nunca uma frase dói a fase inteira. Palavra também amanhece e o pensamento tem que acordar junto. Por isso que o choro seca, que ao amor há entrega porque finda o luto. Descubro que em tempos de guerra o peito se cala, mas na poesia nunca fica mudo.

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Marla de Queiroz

P.S.: Queridos! Que saudade de escrever aqui! Mas os textos têm autonomia e acontecem quando querem. Desejem inspiração que é o que eu preciso para respirar melhor!Obrigada sempre!