quinta-feira, abril 27, 2006

Olá Candanguim!


(Esta carta foi escrita aos amigos de Brasília em Setembro de 2003. Hoje eu acordei de madrugada com tanta saudade de todos que resolvi publicá-la aqui.)

Hoje eu acordei bem cedinho pra escrever pra vocês. Saudade também interrompe o sono da gente. O pior é que nem vai dar praia hoje_ a meteorologia tem acertado na mosca, ultimamente. Aqui a gente tá sempre ligado na meteorologia. E eu aprendi a identificar os ventos. Sei que quando é o "sudoeste" é porque vem chuva. E fico na praia toda descabelada com os primeiros sopros do sudoeste dizendo cheia de propriedade: " É... o tempo vai virar!". Mas "sudoeste" eu digo assim mesmo, não digo "sudoexxxte". E aqui pensam que eu sou baiana...Eu reclamo: "Eu disse Brasília, não Bahia!" .

E eu que tenho estado tão seduzível...E dia desses, sentada num degrau enquanto conversava com um poeta, perguntei a ele: " Você gosta de mim?" e ele todo comovido sentou ao meu lado e me abraçou forte só pra responder que sim. Não que eu esteja carente, mas ser gostável é uma das coisas que mesmo quando se sabe é bom ouvir a frase toda dita em LETRAS MAÍSUCULAS. E ele disse assim: "CLARO QUE EU GOSTO DE VOCÊ!!!" com exclamação e letra maiúscula... E agora eu tenho uma certa simpatia por ele e tenho sido digna de alguns de seus poemas. E olho pra ele sempre orgulhosa de tanta "dignidade poética" que ele me deu. Isso me deixa tão bonita! E porque eu tenho uma amiga que se chama Lua, tenho sido íntima da Lua e deixado muita gente cheia de inveja com essa coisa de ter uma Lua particular. "Puxa, ela é amiga da Lua!", eles dizem. Isso me dá um certo romantismo que complementa a minha dignidade poética. E faz tempo que eu não choro chôro sentido... Nem tanto tempo assim, mas parece que faz tempo. É que vivo tudo tão depressa...

E ontem eu amanheci numa casa cercada de árvores que falam e fiquei observando os macaquinhos cheia de livros de poemas no colo. E um dos livros eu abracei quando terminei de ler porque fiquei toda comovida com ele: era do Manoel de Barros que tem o dom de me fazer ficar agarrada com o livro dele sem entender como é que uma rã com a barriguinha colada na pedra pode ser tão silenciosamente comovente... Dá até inveja de quem escreve assim.

E eu lembro dos amigos de Brasília. E de algumas ruas retamente desertas que Brasília tem aos domingos... Fiquei achando bom estar morando aqui. Ruim mesmo é o deserto fazendo curvas dentro de mim que os amigos de Brasília_ estando em Brasília e eu estando aqui_ me provocam. São poucos os que escrevem longamente, mas quando escrevem, me dão mais dignidade poética do que já tenho. E quando algum amigo novo me visita, aponto o dedo para cada foto do meu mural e ponho a outra mão no peito enquanto digo: " Estes são os meus amigos de lá..." E quase não consigo terminar a frase sem dar uma engasgada na saudade... E fico com uma cara reticente que eu não explicar como é. Imaginem uma cara reticente: :-.... Manoel de Barros saberia explicá-la...

E eu sempre tomo umas cervejas depois da aula com os meus amigos e tenho me divertido e estado leve, leve. Me deixo gargalhar das coisas mais pueris. E aprendi a gostar tanto de "Itaipava" ( uma cerveja daqui ) que quando tomo Skol nem acho tão bom!!! E a tal da "nova Schin", convenhamos, continua a mesma merda! Quem ainda não experimentou, nem precisa se dar ao trabalho: já fiz isso por vocês e garanto que não vale a pena. E o meu novo "Arleudo" (garçon predileto) se chama "Carlinhos"... (Alguém tem notícias do Arleudo?! Que saudade dele!!!) E o meu novo " Beirute" se chama "Baixo Gávea" e "Farani".E o "Feijão da Ed" daqui, não mata minha fome com tanta "honestidade" como o "Feijão de Bandido" daí. E os meus antigos amigos de Brasília se chamam "insubstituíveis", porque os daqui eu chamo de "novos amigos".

Se soubessem como sinto a falta de vocês, se envergonhariam de não terem se mudado pra cá comigo. Coisa chata é essa de que a escolha de uma alternativa implica no abandono de outra. E eu posso fazer aqui tudo que vocês ficam esperando pra fazer nas férias, mas com a "sem-graceza" de não tê-los por perto desfrutando disso tudo comigo...

Vou indo antes que eu assuma um tom lamentoso. Hoje eu nem acordei triste! E tem café ficando pronto. Hoje não vai dar praia. Itaipava é boa e barata; a nova Schin continua a mesma merda. Feijão da Ed não é tão bom porque não é "Feijão de Bandido". Saudade interrompe o sono. Brasília não é Bahia. Cheia de dignidade poética. Amiga íntima da Lua. Apenas novos amigos. Saudades eu tenho sempre... SIM, EU GOSTO MUUUUUUITO DE VOCÊS........ INSUBSTITUÍVEIS...

8 comentários:

Su. disse...

Muito bonito, como sempre.

Amigos, não conseguiria sobreviver a esta selva se não fossem os meus amigos!

:)

Força!

Anônimo disse...

Nossaaaaaaaa, hoje eu acordei com taaanta saudade de algumas pessoas, vontade de reviver algumas épocas...é uma dor tão grande no peito, um aperto que nem sei explicar, e ao mesmo tempo lembranças gostosas, divertidas que deixa nossos dias mais bonitos...e que coincidência chegar aqui e ler esse lindo texto, aiiii que saudade!!!!!
Bjão linda, fica em paz!!!

Anônimo disse...

Não disse que passaria por aqui...então cá estou, futura antiga frequentadora.
Beijo

Elenita Rodrigues disse...

essa cidade não tem as mesmas curvas, as mesmas chuvas, as mesmas cores sem você... te amo, amo! muito!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

e aqui perto de casa
o galo canta
como se tivesse
um CERRADO na garganta.



da próxima vez, venha até nossa casa.

dario

Anônimo disse...

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...