quarta-feira, julho 12, 2006

Um história breve...ou página arrancada de um diário antigo.


Foto:Pedro Flávio

Esse é o início de uma história breve. Terminada. Resumida em tudo. Bem pequenininha.Uma história comum, mas brutalizada pelas palavras. Uma história desencontrada que sucumbiu antes do tempo, antes de tudo.
Essa é quase uma história de amor...dentro de uma página em branco.

Quando ele apareceu foi tomada por uma alegria tão desconhecida que pensou que era amor. Quando ele mergulhou dentro dela pela primeira vez, tinham um mar atrás de si e uma lua gorda, precipitada no final da tarde.O barulho das ondas imitavam trovões e o vermelho-poente esparramava luxúria em seus corpos.Seus dedos entrelaçados afundaram na areia durante o mais comprido gozo.E a mesma felicidade que os despira, também os agasalhara naquele fiapo de noite...

Mas, num dia estragado, ele saiu com passos lentos e largos: deixou pra trás a silhueta dos prédios na diagonal, um resto de sol no mar, a areia suja, alguém correndo lá longe... Foi deixando um cheiro, uma lacuna, saudade por todos os cantos e uma dor oceânica atrás dele pra mergulhar no horizonte seco e calmo. Foi embora deixando a paisagem intacta e alguém despedaçado, com os olhos marejados, contemplando ondas que quebravam violentas _como seus seios estiveram um dia... na boca dele.
"Foi pra bem longe...", pensou... "pra bem longe de todas as minhas pretensões."

Bsb, 2001

(Marla de Queiroz)

11 comentários:

Anônimo disse...

Fico tentando imaginar o que seria: quase uma história de amor... dentro de uma página em branco.

E me soa tão poético e ao mesmo tempo de uma sensibilidade incrível...

Anônimo disse...

"dor oceânica..." isso deve ser doído demais, mas é lindo tb.

Obrigada por tornar minha vida mais alegre.

Mandei e-mail pra vc :)

Beijos

Su. disse...

Acordei poesia,
vim ler-te...

È espantoso, como usas as palavras, como vais ao fundo e sobes e gritas sussurrando paixão, em toda a silaba que te contorna o corpo... Porque o teu poema é corpo!

Lindo.

bj

Anônimo disse...

"pra bem longe de todas as minhas pretensões"...
páginas da vida, meu bein!
somente algumas páginas; páginas q já estão bem longe de qq pretensão...
tenho lido tá!bjo no coração.

Anônimo disse...

Porque existe sempre um "foi-se", é o que eu vivo me perguntando... :S. Ó, vim correeeeeeeeendo te deixar meu link, pq faço questão de sua presença, sempre, visse? Bjoca.

Leandro Jardim disse...

O mais triste é que não há quem não se identifique com o relato! Muito bem colocado, diga-se de passagem...

bjs
Jardim

Anônimo disse...

Sabia que eu faço diário desde os 12 anos? Hoje eu estou com 27... e há tantas e tantas e tantas páginas e histórias ali. Anos depois a gente relê e percebe que passou e se transformou apenas em mais uma página da nossa história.

E obrigada pelas palavras doces lá no meu cantinho, viu?! Eu adoooooro o que você escreve! ;o)

Beijos com amor e carinho.

Anônimo disse...

Pshiiiiii! silêncio...

fausto disse...

a história ñ é pequena assim! é infinita, constituída d variações, imitações autenticadas e falsificações do tema. a história repete. parece outra no início, pode parecer outra no decorrer, mas, inevitavelmente, é a mesma d sempre, no fim

marla, ler-te é desfrutar do q a rede tem d melhor

fica bem

Anônimo disse...

I say briefly: Best! Useful information. Good job guys.
»

Unknown disse...

Nos comove há muito tempo!

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...