domingo, julho 30, 2006

Palavras Líquidas...ou lágrimas minhas.


Foto:Maria Ivone Ferreira

"Um domingo de tarde sozinha em casa dobrei-me em dois para a frente - como em dores de parto - e vi que a menina em mim estava morrendo. Nunca esquecerei esse domingo. Para cicatrizar levou dias. E eis-me aqui. Dura, silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim."

( Clarice Lispector_ quem mais???)

Meu travesseiro acordou molhado...Não era a chuva, eram as minhas despedidas dos "sentimentos antigos, já confortáveis"...Viver tem dias muito nublados quando a simples existência nos dói nos ossos. É como mergulhar num mar que não dá pé quando nem se sabe nadar... Não julgo, não culpo o mundo, antes trago a responsabilidade pra mim e digo: " o preço de uma alegria explodida no peito, é essa angústia sem um réu..."

Se não fosse a palavra, eu me contorceria inteira em cólicas existenciais...E quando acho que já foi o bastante, a vida chega aos borbotões e me diz que há mais...

Acordei sem uma menina dentro de mim. Antes ela tivesse me acordado com o choro mais sentido do mundo pedindo cuidado, atenção...Eu veria a ferida e faria um curativo. Ou tiraria o band-aid e usaria o bisturi...Mas é tão maior e tão silencioso! Às vezes não sei se aguento, às vezes acho que sim. Senão, o aprendizado seria só esse sufoco.

Eu preciso de ar puro...e de uma mirada sincera pro horizonte amplo mesmo que tudo fique embaçado pelas lágrimas que eu não escolhi, mas que me aconteceram.Você sabe do que falo.
E se eu me entregasse ao vôo? Mas sou flor, arraigada ao solo.
Preciso das suas asas.De você.
Me empresta uma mudança brusca? Tenho urgência!

Um choro de palavras líquidas é o que resta... Sem barulho.

( Quando acordei meu travesseiro estava molhado. Eram lágrimas brotadas do mais fundo de uma dor inconsciente, mas nítida. Tinha uma menina assustada no meu sonho. Tinha uma ferida aberta e muito susto.E um rio caudaloso de amargas águas. Depois veio a chuva, o colo, o violão musicando o poema, o vinho encorpado de sabor aveludado. E aquelas músicas todas cantadas com a veia do pescoço saltada.Quando acordei meu travesseiro estava molhado. Eram lágrimas. Muitas. Minhas.Acho que passei a noite regando meus sonhos)

Marla de Queiroz

E eis que ele ressurge: poético, confuso, determinado e fértil. Eis que ele ressurge tranqüilo e viril. E me planta um poema no colo.

Terreno

Se a terra é fértil
sua função é pasto.
Nasce um fruto-sorrisodo
terreno que é vasto.

As árvores emergem de cada broto...
Mas as sementes,
mesmo doentes,
viabilizam desgosto.

Se o caule vem à tona
quer respirar.
E quando num seio qualquer alimenta,
o pouco que inventa
consegue brotar.

A árvore sabe
quando insuficiente venta...
Mas cria e dispersa
a sombra e o vulto,
o calmo e o susto,
o vácuo e o ar.

(Marco Aurélio Guiotti_ o Marcão!)

2 comentários:

Bela disse...

Eesse tal de Marcão é craque, hein?
Adorei!
E vc, amore, preciso dizer que tanto faz - na leveza ou na fundura, na benção ou na condenação, no êxtase ou no desespero - que vc é sempre subime, flor!?
beijos beijos

Anônimo disse...

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...