segunda-feira, março 13, 2006

SIM.


"Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão".

(Carlos Drummond de Andrade)


SIM!
Eu disse SIM duas vezes com o medo escondido entre os dentes.
A garganta seca e eu não sabendo dizer uma palavra maior que aquela, urgente.
Então eu disse SIM.
Só isso...

Os olhos atormentados com a claridade do peito se abrindo,
procuravam uma névoa seca que os deixasse abertos, sorrindo.

Eu disse SIM e não TALVEZ,
eu disse SIM e não QUEM SABE,
eu disse SIM e não MAIS TARDE.

Tinha que ser naquela hora, aquele SIM.
Então eu disse.

E nunca mais consegui dormir com aquela manhã brotada do sol aceso em mim.

SIM, sim...Duas vezes, foi o que eu disse.
E era o SIM preenchendo a boca,
o medo arranhando a garganta com força,
o SIM vibrando nas cordas vocais.

Eu disse: “ SIM, vou-explorar-todos-os-teus-pontos-cardeais”.

5 comentários:

Anônimo disse...

ao pronunciar teu nome redimo o cansaço. amparo o que resta do fogo. abraços

Marques disse...

Ainda sobre o Talvez. Acho que assim como eu, você busca uma coisa que se vende na TV e rádio, os amigos falam, todos buscam, mas que talvez nunca encontremos e talvez nunca iremos encontrar. Amor! O que eu tenho é egoísmo, hipocrisias, interesse, desinteresse e sexo. Cadê a saudade, o frio na barriga, a vontade de cuidar e receber carinho... Será que existe?? TALVEZ.

Anônimo disse...

Te encontrei do nada, assim de repente, como quem encontra uma moeda de 10 centavos andando pela rua...que dom lindo esse seu, conseguir expressar tantas coisas com algumas palavras...adorei encontrar esse blog, leio todo dia seus textos e me sinto muito feliz..continue assim, escrevendo, escrevendo e transmitindo sua alegria gostosa de se ler, as vezes tristezas também gostosas!!!
Bjos...

Anônimo disse...

Eu por acaso lia agora Drummond...

(E o chato do Macunaíma nos intervalos, ou seria o contrário?!! Bah...)

Bons sonhos, durma nos braços de Orfeu!

Ps: Estou na tentativa de um blog mais maduro. Fartei-me do outro, infantil demais...

Anônimo disse...

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...