terça-feira, fevereiro 07, 2006

Falta de Assunto...


“ Que é, Meu Deus, o para sempre_ o eco duro e pomposo dessa expressão ecoando através dos despovoados corredores da alma_, o para sempre que na verdade nada significa, e nem mesmo é um átimo visível no instante em que o supomos, e no entanto é o nosso único bem, porque a única coisa definitiva no parco vocabulário de nossas possibilidades terrenas...”
(Lúcio Cardoso_ “ Crônica da Casa Assassinada”)

Tão agarrada ao cotidiano e cheia de um calor doido que só o que brota de dentro é suor... Comecei a ler um livro que me indicaram: “ Crônica da casa Assassinada” e já tive um impacto tão forte na primeira página que deixei pra começar direito depois da janta, do banho, do telefonema pendente, da troca da roupa de cama. Aí eu ligo a luminária, desligo o som, pego meu lápis e posso me impressionar e mergulhar à vontade até dar sono. Se é que se consegue dormir depois que a alma se inquieta. Nenhuma novidadezinha pra escrever. Nenhuma solitudezinha pra virar texto, nenhum grande entusiasmo. Acho que é a vida dando uma folga, um certo sossego pra eu poder ser mais prática que romântica por algum tempo. No meio disso tudo, sou eu e meus rituais, minha yoga, minha reeducação constante do pensamento. À propósito, depois que a gente fica atento ao que pensa e começa a reelaborar e a respeitar e temer as narrativas que criamos pra vivermos, às palavras que proferimos diária e inconscientemente, vai dando uma vontade tão grande de ser uma boa pessoa consigo e com os outros, que pequenos milagres acontecem a todo instante. Sem contar que a nossa intuição vira uma espécie de vidência...Chega a ser engraçado: vc pensa numa pessoa e ela te liga porque lembrou de vc subitamente...( hahahahaha....acreditem ou não, isso acabou de acontecer!)E por aí vai.
No mais, sou eu, o calor, o livro novo por começar e a minha falta de assunto...
É por isso que a gente fala do tempo, né?

2 comentários:

Anônimo disse...

É engraçada a discussão do tema em questão, ou a falta do discurso, levando a descrever a sensação corpórea do calor. Por mais simples que seja o tema, sua escrita torna viva e presente qualquer assunto do cotidiano, qualquer pequeno e despercebido objeto de nossas vidas, como se a imagem fosse captura pela retina, como sensação gerada pelo corpo ou duvida criada na mente, mas são apenas palavras...
E mesmo que penas o cotidiano seja retratado, sempre será tema de livros ou de uma boa discussão. Vou mostrar um lado critico, cético e bem racional, a qual me apego quando as duvidas em minha mente surge, não como forma de fugir do assunto, mas para sossegar minha mente, o meu anseio. Trato a ciência como a base da “verdade” ou da busca da verdade, da razão e dos fatos, e vejo que a vidência abortada em seu texto não é nada mais que um fato cientifico, desculpe a minha opinião, pense como uma telepatia.
Como disse: “...cotidiano seja retratado, sempre será tema de livros ou de uma boa discussão”
Beijos
Marcos

Anônimo disse...

Bom, para começar, prazer. Obrigado pelo convite. Farei o máximo para me sentir em casa. Ou melhor, na sua. Essa é sua casa ou um pedaço dela. Aqui está um pouco da sua alma. Por isso e tudo mais, prazer. Só mais uma coisinha: não quero ser confundido com ninguém, assim: como "leitor-contribuinte", com o melhor "comment", digno da melhor impressão. Não valho os necessários referenciais, não sei o que são credenciais. Apenas quero ser "aquele que ligou"; "o amigo do fulano"; "aquele do beijo gostoso"...Aquele que antes de ser o "que passou", é o "que ficou".
Adorei o Blog! Sua sensibilidade é foda!
Beijo,
Marcão.

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...