sábado, setembro 30, 2006

Da Dependência


Foto: Raul Alexandre

Eles que já foram correnteza.
Seguiam arrancando galhos
alargando os quadris do rio.
Ela dançando líquida
contornando as pedras do caminho.
Lúdica, se harmonizava
ao que poderia ser obstáculo.
Ele querendo aprisionar a água corrente
num retrato em preto e branco.
Acorrentados à chuva já não fluíam.
Viam as gotinhas de luz passearem por seus corpos
sem as acompanhar.
Não perceberam tristeza quando se esqueceram
do que tinham proposto inicialmente.
Aprisionados um ao outro temiam apenas o abandono.
Dependendo.
Resumindo.
Abreviando.
Empobrecendo-se.

Não era pra ser uma corrente cinza, metálica.
Era pra ser a cor- rente- ao- arco-íris.
*
*
*
(Marla de Queiroz)

14 comentários:

Anônimo disse...

Vixi Maria, estou toda "arrupiada", que nem galinha depenada. Demais!
Beijocas

Anônimo disse...

E eu submersa nessa tarde cinzenta, sem mta coisa na cabeça, somente alguns versículos povoando minha mente... entro aqui!! leio aqui, bebo aqui um gole desse seu poema... acorrentados estamos ao vício de escreve e eu... de admirar-te!

Bjos meus e flores sem rimas

Anônimo disse...

Saudades, Marla, vc não me visitou mais...gostei da imagem do arame farpado, parecem mãozinhas entrelaçadas...bjs.,
Zingarah

Anônimo disse...

era pra ser outra coisa. mas não foi. há algum motivo pra ser oq não eh?
estragamo-nos os dois estragando tudo...*suspiro* deeeixa pra lah =] adoro teus posts linda... bjo grande.

mg6es disse...

era
arco
era
iris



não
era
nesse
barco

pra
tu
ires pra tu ires...


tua correnteza me levou... rs...

beijo.

Ps: vc sempre tao carinhosa no meu blog, brigado, viu?

Anônimo disse...

Eu tb já fui correnteza.Hoje sou água corrente.Menos forte,menos ligeira,menos tudo.Ando sem imaginação.Preciso amar novamente e ser amada tb!beijos de madrugada!

Passageira disse...

E cá estou eu novamente me encantando com sua poesia. E de novo, lendo vários poemas já que não pude acompanhá-los em seu tempo de postagem!
Amei todos, mas tenho que reconhecer: Flor de ir embora é maravilhosamente a tradução de alguns dos meus amores!!! rs...
Grande beijo, menina. E um ótimo domingo

Anônimo disse...

"Ele querendo aprisionar a água corrente num retrato em preto e branco."

Ela talvez
quisesse
ser do arco
flecla-liberta
e
par
tiu
sem alvo certo

Ela
agora
mistura
vivas-cores
n´outras
paisagens

Ela "borboLetra"
fez parceria
com o sol
que agradecido
só ri-gargalha
raios nela.

MontanhosoAbraçoDasMinasGerais.

E.T.: agora vô ali, "votá", no Cristovão.

Anônimo disse...

Do arame da fotografia ao último verso - tudo clama por liberdade, principalmente aos que já foram correnteza. Riodaqui/PauloVigu

Leandro Jardim disse...

lindas cores de uma foto em preto e branco já vista e muito be acabada!

Rayanne disse...

Rente ao arco-íris,
quando teu vôo engana meu não,
és toda um convite,
ao sol-riso-mão,
que apenas temo partires,
deixando à mim solidão.

Estrela-Dalva de emoção!

**Estrelas**

Anônimo disse...

Que verdadeiro e lindo! O que era para ser "COR-rente-ao-arco-íris" transformou-se, infelizmente, em apenas uma "corrente enferrujada"...sem cor, sem busca de horizonte largo...Que pena! Um empobrecimento, sem necessidade.
E fazemos isso...tanto! Em nome do amor, muitas vezes.
Amei, Marla! Uma constatação tão sensata, sem perder a poesia.
Beijão!
Dora

Alê Quites disse...

Que figura maravilhosa! Versos de boa qualidade também.
Abraços

Estava Perdida no Mar disse...

Estava fazendo uma pesquisa sobre poemas e vim parar aqui. Adorei este blog. E a sua descrição de perfil tem tudo a ver comigo.
Beijos
Voltarei aqui mais vezes.

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...