sexta-feira, setembro 08, 2006

Flor-de-Fogo



Foto: António Gil


(Dia de praia é assim: o sol escorrega pela página em branco):

Flor-de-fogo desabrochada, hoje o sol exuberou o dia.
E o céu de outrora diluído em lágrimas, recuperado dos seus alagamentos internos,
ressurgiu intacto em etéreo azul,simplificando os desesperos.
A lâmina fria do vento ainda arranhava a pele dos corpos expostos,
mas soprava para longe qualquer farelo de tristeza;
(Era o AGORA luminoso que impunha sua presença).
A paisagem não mais gotejava suas agulhinhas frias,
ela suspirava cores novas e nítidas de definitivas esperanças.

Flor-de-fogo, esse sol desabrochado embrulhou o meu corpo em carícias:
no mais íntimo da penetração, tecemos amor no finalzinho da tarde mansa.

Uma lua vermelha, grávida de sol, foi cuspida pelo mar zangado:
e a noite foi acesa por um incêndio de estrelas...
*
*
*
(Marla de Queiroz)

P.S.1: Este post foi inspirado nos livros do Mia Couto e Manoel de Barros que li na praia esta tarde...
P.S.2: Vou dedicá-lo à Rayanne que traz suas estrelas pro meu SOL-RISO!.

9 comentários:

Anônimo disse...

Não podia ter inspiração melhor, dois fofos!

Ah, ela merece.

Beijos com amor

Rafael Sessa disse...

Ah... Talvez todos tenham desenvolvido uma espécia de Sindrome de Estocolmo pela escrita. :P

Obrigado pelo elogio ao poema. Às vezes nos faltam apoio de pessoas que sabem usar as palavras.

Bom fim de semana.

Rafael Sessa disse...

Lumpa di dum é daquele filme A Fantástica Fábrica de Chocolates. Assistí demais quando era criança pequena e, muitas pancadas na cabeça depois, resultou nesse nome ridículo e sem um pingo de humor ou intertextualidade.
Mas serve à minha intenção de manter o máximo de anônimato possível.

Agora, sobre a parte de me desejar inspiração, necessito-a muito. Não consigo escrever nada tem meses. Até mesmo matérias ou notícias (sou estudante de jornalísmo. Ops, não devia falar isso, olha o anônimato) simples estou tendo dificuldade. Devo estar num momento bastante inerte pois não tenho sofrido muito e só os livros me satisfazem.

Só terminando para não mais te enxer a paciência:
Você conseguiu escrever o quê eu fiquei anos (pouco pois ainda sou novinho), a duras penas, tentando. Exprimiu uma das coisas que me fazem escrever cada linha e que, explicando, ninguém entende.

"...A dor não quer outra coisa que não seja exercer sua função: doer. E não é banalizando, embotando as emoções que ela vai deixar de surgir de tempos em tempos. Não sei como dói em você, mas por saber como dói a minha dor eu imagino a sua: de tão abstrata incomoda fisicamente, de tão ignorada ela se humaniza...em nós. No que eram laços."

Rafael Sessa disse...

Todas essas poesias são bem antigas...

Tô aprendendo a conviver com a "crise criativa", esperando passar, deixando ela me molestar. Admito que é bastante angustiante e às vezes chego a pensar que aquilo que eu tinha pra escrever já foi escrito. Mas deixa passar, deixa passar...

Também devo estar gestando algo, e esse "algo" deve vir do desespero e da agonia.

E também estou começando a gostar das nossas conversas. Vai acabar virando rotina.

Grandes beijos

Bruna Rasmussen disse...

e como eu não conheci esse blog antes???

é maravilhoso!
esses textos me desnudam, me descobrem. adorei!

beijos

Anônimo disse...

Pomba girando amiga... POmba girando... rsrsrsrsrs
Atrai e queima... Ui!

Rayanne disse...

Ah, linda flor.
Queria tanto esse vento frio - lâmina
Varrendo as tristezas que florescem rápidas aqui.
Céu azul mas eu sei que as nuvens negras estão escondidas
Prontas para saltar sobre o acaso
Prontas a devorar sol-risos com raios e trovões.
Tão bom saber que as estrelas seguem te iluminando.
Tão bom teu carinho assim, derramado nas tuas palavras.

**Estrelas**

Anônimo disse...

Como você disse, nossas referências são boas.

Anônimo disse...

Dias de sol são lindos mesmo...mas confesso que adoro ver o sol brigando com a chuva ...eles brigam colorido!

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...