Foto: António Gil
(Dia de praia é assim: o sol escorrega pela página em branco):
Flor-de-fogo desabrochada, hoje o sol exuberou o dia.
E o céu de outrora diluído em lágrimas, recuperado dos seus alagamentos internos,
ressurgiu intacto em etéreo azul,simplificando os desesperos.
A lâmina fria do vento ainda arranhava a pele dos corpos expostos,
A lâmina fria do vento ainda arranhava a pele dos corpos expostos,
mas soprava para longe qualquer farelo de tristeza;
(Era o AGORA luminoso que impunha sua presença).
A paisagem não mais gotejava suas agulhinhas frias,
A paisagem não mais gotejava suas agulhinhas frias,
ela suspirava cores novas e nítidas de definitivas esperanças.
Flor-de-fogo, esse sol desabrochado embrulhou o meu corpo em carícias:
no mais íntimo da penetração, tecemos amor no finalzinho da tarde mansa.
Uma lua vermelha, grávida de sol, foi cuspida pelo mar zangado:
e a noite foi acesa por um incêndio de estrelas...
*
*
*
(Marla de Queiroz)
P.S.1: Este post foi inspirado nos livros do Mia Couto e Manoel de Barros que li na praia esta tarde...
P.S.1: Este post foi inspirado nos livros do Mia Couto e Manoel de Barros que li na praia esta tarde...
P.S.2: Vou dedicá-lo à Rayanne que traz suas estrelas pro meu SOL-RISO!.
9 comentários:
Não podia ter inspiração melhor, dois fofos!
Ah, ela merece.
Beijos com amor
Ah... Talvez todos tenham desenvolvido uma espécia de Sindrome de Estocolmo pela escrita. :P
Obrigado pelo elogio ao poema. Às vezes nos faltam apoio de pessoas que sabem usar as palavras.
Bom fim de semana.
Lumpa di dum é daquele filme A Fantástica Fábrica de Chocolates. Assistí demais quando era criança pequena e, muitas pancadas na cabeça depois, resultou nesse nome ridículo e sem um pingo de humor ou intertextualidade.
Mas serve à minha intenção de manter o máximo de anônimato possível.
Agora, sobre a parte de me desejar inspiração, necessito-a muito. Não consigo escrever nada tem meses. Até mesmo matérias ou notícias (sou estudante de jornalísmo. Ops, não devia falar isso, olha o anônimato) simples estou tendo dificuldade. Devo estar num momento bastante inerte pois não tenho sofrido muito e só os livros me satisfazem.
Só terminando para não mais te enxer a paciência:
Você conseguiu escrever o quê eu fiquei anos (pouco pois ainda sou novinho), a duras penas, tentando. Exprimiu uma das coisas que me fazem escrever cada linha e que, explicando, ninguém entende.
"...A dor não quer outra coisa que não seja exercer sua função: doer. E não é banalizando, embotando as emoções que ela vai deixar de surgir de tempos em tempos. Não sei como dói em você, mas por saber como dói a minha dor eu imagino a sua: de tão abstrata incomoda fisicamente, de tão ignorada ela se humaniza...em nós. No que eram laços."
Todas essas poesias são bem antigas...
Tô aprendendo a conviver com a "crise criativa", esperando passar, deixando ela me molestar. Admito que é bastante angustiante e às vezes chego a pensar que aquilo que eu tinha pra escrever já foi escrito. Mas deixa passar, deixa passar...
Também devo estar gestando algo, e esse "algo" deve vir do desespero e da agonia.
E também estou começando a gostar das nossas conversas. Vai acabar virando rotina.
Grandes beijos
e como eu não conheci esse blog antes???
é maravilhoso!
esses textos me desnudam, me descobrem. adorei!
beijos
Pomba girando amiga... POmba girando... rsrsrsrsrs
Atrai e queima... Ui!
Ah, linda flor.
Queria tanto esse vento frio - lâmina
Varrendo as tristezas que florescem rápidas aqui.
Céu azul mas eu sei que as nuvens negras estão escondidas
Prontas para saltar sobre o acaso
Prontas a devorar sol-risos com raios e trovões.
Tão bom saber que as estrelas seguem te iluminando.
Tão bom teu carinho assim, derramado nas tuas palavras.
**Estrelas**
Como você disse, nossas referências são boas.
Dias de sol são lindos mesmo...mas confesso que adoro ver o sol brigando com a chuva ...eles brigam colorido!
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...