Que venham as palavras: nocivas, indecisas, despudoradas, vestidas de dores, de mágoas, de raivas. Que venham como quiserem, que se ofereçam delicadas ou urgentes, despidas de tudo, eloquentes, mas que sejam transparentes. Que venham sem falso moralismo, sem recalques, sem alegrias artificiais, sem entusiasmos opacos. Venham palavras: inocentes, indecentes, inexistentes. Componham frases, poemas, cartas, bilhetes, músicas. Venham livres, eufóricas e aladas, sem apego ao poeta-instrumento, à paisagem, ao sentimento, a nada. Venham vivas, mesmo que para falar, acidamente, dos mortos que ainda não foram enterrados.
Marla de Queiroz
4 comentários:
Não há que se negar...nocivas, indecisas, despudoradas, vestidas de dores, de mágoas, de raivas, elas veem sempre trazidas a nós pelas suas mãos.
Você é realmente a senhora das palavras.
Ai... que maravilha!
Que assim seja
que venham as palavras, reais , como naturalmente são !
Me gusta este post Marla, ¿me dejas que te la copie en mi blog? Espero, un beso
Postar um comentário
A poesia acontece quando as palavras se abraçam...