Quando amanhecia antes, já era
noite e tudo doía. Eu tinha um punhado de angústia no peito, eu era a
personificação da melancolia. Tive que aprender a estar comigo, fiz grandes e
novos amigos, desenterrei o meu sorriso e arejei meu coração. Quando amanhecia,
antes nunca era dia. O meu afeto pasteurizado com prazo de validade vencido. O
seu abraço cinematográfico, técnico como nos filmes. Mas a cena era perfeita
para quem via. Mas a cena era só encenação, eu sabia. Quando amanhecia antes, eu
estava oca, fazia sol, era verão, mas me agarrava aquele frio. Havia tesão, sem
comunhão.A nossa excitação pedia socorro. E almejávamos o gozo absoluto para manter
incólume aquela ofegância que chamávamos de amor. Quando amanhecia, eu tinha o
sono dos sonhos perdidos. Antes, eu não sabia... A noite morava em mim, nunca era
dia.
Marla de Queiroz
4 comentários:
Lindo demais, Marla. Desnecessário dizer, o quanto você me encanta, há anos! E a cada publicação, mais encantamento.
Beijossss, menina bonita!
Lindas palavras, porém é difícil arejar-se e reconhecer a noite para receber o dia... Admiráveis são os que enxergam o oco e o floreiam de novos amigos e amores.. parabéns
"Lindo demais, Marla. Desnecessário dizer, o quanto você me encanta"
a Pri disse tudo!
P.s.: amei a foto!
Antes a noite morava em mim... nunca era dia...
É lindo e triste ao mesmo tempo, não é?
Mas que bom que agora vives sempre ao sol, inundando o seu plexo solar de calor que só a emanação das pessoas pode prover!!!
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...