sexta-feira, janeiro 15, 2010

Celebramando



Charles Mingus a nos sugerir caminhos: abraçados, acariciamos o corpo da noite até acender a fagulha mais intensa do desejo.O peito se ampliado em carícias.E nossa paixão louca, invencilíssima, inundando a cidade de janeiros. Miles Davis desenhando tantas ondas, e na escuridão do quarto espraiando sobre nós praias e luzes, algas e conchas. Em cada acorde borbulham nervuras e vísceras. Frank Zappa a desconstruir o que era óbvio, John Coltrane a soprar segredos. Tua boca crava em meu pescoço a mordida que há implícita em cada beijo. Azymuth embalando butterflys, nenhuma gota se perde da minha vontade de sentir teu gosto.Tantos sons se misturam. E não há gozo maior, meu amor, que fechar meus olhos embevecida pela música e, ainda assim, ver teu rosto. Tudo é dosadamente desmedido. Suspensa no tempo, suspiro teus dedos, teus dentes, delícias de um verso sentido. E eu me calo intensamente pra apreender a tua língua. E acordo renovada e curiosa para descobrir o que (nus) não exploramos...ainda.
*
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Marla de Queiroz

6 comentários:

Dois a sós disse...

Preciso dizer algo?
Amo-te mesmo sem conhecê-la pessoalmente, é maravilhoso quando preciso de certas palavras e seus textos me concede. O melhor, é ficar horas planejando o que escrever e Marla de Queiroz sempre aos pensamentos.

Um grande beijo de capuccino.

Babi disse...

Sem palavras.. achei seu blog por acaso e me encantei! Literalmente me encantei! Parabéns pela facilidade com que usa as palavras e pela forma que consegue comover as pessoas.. incluindo eu, sua mais nova seguidora! :)
Parabéns mesmo! Sucesso!
Beijo! :*

Lelly disse...

Elenita falou dos seus textos no BBB.. ai vim conferir.. *-*

Ana disse...

a elenita acabou de te elogiar e de indicar o seu blog.

Juliêta Barbosa disse...

Me encontrei nas águas, nas palavras e na beleza do som. Obrigada, por partilhar instantes de magia.

libertad disse...

Marla,

Descobri seu blog ontem e pirei. Em meio de dia esquisito, cabeça nublada com possibilidade de chuvas escassas, te encontrei cibernética e mudei de cor. Abri suas páginas e mergulhei até segurar as pedrinhas no fundo. Te li mais e mais e me joguei no abismo das suas intensidades. Eu aqui despatriada do meu português, despreparada enquanto transbordando palavras inglesas e espanholas ainda adolescentes que habitam meus desertos mais áridos, me esbarro contigo na esquina da vida e me desencontro para depois me reencontrar.

Fiquei ali abismada, cheia de sensações, em uma mistura de inveja-branca e ciúminho feliz por todas as palavras que você escreveu e não eu, das suas frases não terem de mim saído. Fiquei ali admirando e querendo te saber mais, te conhecer mais, te descobrir. Senti saudades dos meus amigos nesse Brasil, dessa falta de vergonha de falar, de sentir, de viver. Te li mais e pensei em como é que nossos mundos nunca se justapuseram, aí descobri que você só chegou no meu Rio (e o tenho como propriedade sem nenhuma falsa humildade) quando eu já havia me jogado no mar. Marzão de muitas línguas e eventuais mordidas da tal da solidão e esbarrando contigo reacendi esse dia de hoje esquisito, sombra de chama que já virava cinza.

Descobri essa mulher no outro lado do mundo que de imediato quis amizade. Te li uma história atrás da outra e fiquei faminta por minhas próprias palavras. Te abri e quis mais de mim, saindo de tristeza espreguiçada e de repente transbordando em inspiração.

E agora aqui de longe sem saber quem você é, fiquei achando que a gente é amigo dos mesmos amigos, dos mesmos encontros. Compartilhando aqui contigo o meu mundo de palavras tão pequeninhas esquecidas na caixinha de jóias que eu deixei no Brasil, e achando que é tudo besteira quando em face da sua habilidade, fico quietinha, tímida da minha escrita, achando que nada é bom o bastante.

Mas sobretudo, como é lindo encontrar alguém tão distante que mesmo sem presença, só com palavras, inspira tanto e des-cobre meu entusiasmo ainda que em silêncio. E por causa de você, eu quero ler mais, escrever mais, viver mais, eu quero ser mais.

Obrigada

Francisca Libertad

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...