quinta-feira, outubro 15, 2009

Nova rotina

Foto: Caroline Esser


Eu fico escutando o tempo todo a nova música que descobri e assisti “Bonequinha de Luxo” pela primeira vez recentemente...queria ter visto antes, teria tido amparo quando meu coração era só e estava tão consternado de saudade e incerteza. Eu fico olhando pros meus dias, pra minha vida, tantas mudanças bruscas em mim. Como eu era radical e sem rodeios_ hoje respiro tantas vezes antes de dizer alguma coisa e analiso tanto sempre. (Que se não serve pra salvar minhas relações, serve pra me fazer melhor).Eu fico pensando na minha aparência no passado, no meu olhar sem foco, na minha falta ou excesso de vaidade, na minha mania de solidão e camisolas ao meio-dia. E de andar de biquíni pela casa até às 22h horas_ quando eu tirava pra tomar banho e dormir na alta madrugada, e deixar tantos textos prontos com antecedência pra postar no blog, tudo tão previsível: a solidão, a falta, o erro, a desesperança, a vontade de alguém que não estava, o erro, a esperança do acerto, a saudade, a vontade de sumir, a volta da esperança, a raiva, a saudade de alguém que já chegava, o medo do erro, a insegurança no acerto, o desejo...e de repente um dia bonito: chuvoso, ensolarado, bonito! E de repente um dia difícil: chuvoso, ensolarado, difícil!

Eu fico tentando lembrar o que eu pensava de tudo, se realmente acreditava no amor, no ódio, se consegui acreditar que alguma coisa no mundo existia sem dor.Eu fico pensando se tinha pena de mim, ou se me achava uma sobrevivente a tudo, a todos, dramática, pesando, tentando levezas.Eu fico tentando lembrar se eu era feliz, por que ria tanto e falava coisas tão doces na maioria das vezes_ se queria aceitação e amor por vias manipuladoras...Ou se era simplesmente alguém que se entregava nas conversas e achava sinceramente boa aquela troca. Eu fico pensando nestas coisas enquanto você vai pra terapia se organizar. E eu só tenho a poesia pra não me entristecer, pra aceitar a felicidade sem me boicotar, ou pra enlouquecer melhor, com mais glamour. Eu fico pensando, sempre que posso parar, o que fiz de mim, o que estou fazendo agora e se eu exerço “nós dois” com toda a consideração que merece a nossa história. Se as irritações são válidas, se as concessões são sábias, se as intervenções são sóbrias, se a maneira de conduzir é a forma de tornar tudo mais sólido. E, enquanto reflito, entro em contato com coisas que antes não eram tão óbvias: ciúmes, isolamento do resto do mundo, um cuidado profundo com tudo, um medo do conflito, a restrição do caos, e uma felicidade besta, repentina, no meio da tarde, da madrugada, no meio de tudo. E eu fico pensando como as coisas funcionam, em que teia elas são tecidas, como são as ligações, quando é que o sentido delas se torna mais evidente.

Eu fico pensando se não somos tão carentes ao ponto de não viver melhor sem alguém. E há tanto medo de não ser escolhido, e de ser escolhido e ser trocado, ou ainda de não ser escolhido totalmente, ou de escolher e viver achando que essa escolha é uma prisão. Mas eu lembro de nós dois, enquanto penso nisso tudo, do nosso pacto pelo total aproveitamento diário, essa liberdade quase imposta de saber-se poder ir embora quando não for mais tão essencial. Eu lembro que se estamos juntos é porque, todos os dias, ao acordar e nos olharmos tão frágeis, tão fortes, tão vulneráveis, tão entregues, nós fazemos novamente a escolha de ontem, e cumprimos o resto do dia alimentando esse “estarmos juntos” com intensidade e delicadeza. Eu fico pensando nos nossos ajustes e na vontade que temos de sabedoria em meio a toda essa embriaguez da paixão. E acho que se esse ainda não é o caminho certo, pelo menos, é o mais bonito por enquanto.E o que me deixa mais inteira, a cada passo. E fico pensando enquanto avanço: eu amo construir a mesma estrada com você...

Eu amo morar no teu abraço.

*

*

Marla de Queiroz

16 comentários:

Larissa disse...

Que coisa bonita..
Eu li e fiquei pensando a todo momento: "Podia ter sido escrito por mim". =)

"Eu amo morar no teu abraço"
Tsc.. bonito demais.

=**

Rayanne disse...

Acho que nunca te vi tão paz.
Tão paciência.

Bonita como nunca.

**Estrelas, bela**

Anônimo disse...

Não foi escrito por mim mais tem tanto de mim q aceito como meu.

Alana Morais disse...

Não foi escrito por mim mais tem tanto de mim q aceito como meu.

Teu Olhar... disse...

lindo lindo e tão de dentro...

"eu amo morar nas tuas palavras..."

beijo
Ana...

Juliêta Barbosa disse...

Marla,

Amar é aprender junto! E quando o amor dói é porque o aprendizado ainda não foi suficiente... “Morar no abraço do outro” é a melhor forma de começar a entender o amor... Entrega! Um gesto suave de quem se dá e daquele que recebe. É tão delicado como bailar em nuvens de algodão doce. Requer cuidados e delicadezas. Que haja sempre abraços para envolver o seu corpo! Bjs.

Thaisinha... disse...

muito bem feito..
.

bjo.

carol e seus dias ! disse...

Fiquei mto feliz qd uma amiga minha me passou o seu blog..nele estão escritos todos meus pensamentos, da maneira que eu queria escrever e nunca consigo..
Parabensss..
continue continue continue..
Esses poemas alimentam a esperança, a vida , a tristeza de mta gente =D

Fernanda. disse...

Perfeito!
Simplesmente, Perfeito!
Parabéns!

Lubi disse...

seus textos tem escapado à qualquer definição de palavra bonita que eu possa dizer, Marla. por isso, venho sempre, mas calo.

um beijo.
saudade.

Lulu Lima disse...

meu Deus, por que? Porque mulheres assim, de sofrer o amor ao invés de vivê-lo? Porque um outro gosto na boca, porque o medo de perder se somos nós que estamos sempre tão pouco inteiras?

A quem amamos com tantas preocupações, tanta auto-preservação? A dor ou o amor?

Bella disse...

que bonito isso... quero alcançar esse equilibrio tbm...

Juliana disse...

Incrííível! Minhas relações estiveram tão vazias nesse seu intervalo do blog e, numa simples sintonia, eu volto a acreditar num relacionamento e me perco nas suas palavras e na semelhança com o que eu vivo. Maravilha! É tão bom me questionar e, sem querer, entrar aqui e encontrar as respostas que eu preciso, os esclarecimentos para os meus infinitos 'ses'. Só posso agradecer. Muito obrigada (mesmo tão sem saber).

[Juliana]

Nicole G. disse...

Marla, eu amooo seu blog, leio sempre que posso...deixei um recado para vc no orkut, mas não consegui enviar o blog para que você lesse o texto...por aqui, acho que você conseguiria...
http://palavrasindefiniveis.blogspot.com

F. R disse...

queria saber onde encotro essa musica que voce citou. ameei o texto. me encontro em suas palavras

Camila disse...

Li um trecho desse teu texto no blog http://acasosafortunados.blogspot.com/ a um tempo atrás, e simplesmente me apaixonei por ele. De uma maneira incrível voce conseguiu escrever em poucas e belas palavras tudo o que eu sinto.
Hoje eu encontrei o teu blog, depois de muito procurar, pois sempre tive a curiosidade para ler outros textos teus. E adivinha? Estou amando e me identificando com quase todos.
Tuas palavras inspiram, teu trabalho é magnífico.
Parabéns

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...