sábado, março 02, 2013

Rasgando o véu




Sei que jamais seria uma mulher adequada para você. Eu sou apaixonada pelo mundo e você é fraco. Eu tenho milhões de definições que abandono sobre tudo, você é pragmático. Nós somos sexualmente incríveis, mas é só durante o ato. Eu sinto que tenho muito mais a explorar da vida e que as horas atravessam apressadas os meus olhos. Eu teço paisagens para você todas as manhãs, mas não amanheces comigo e eu te ignoro. A tua escuridão me excita, teu mistério meticuloso instiga, teu ar de eternos segredos me intriga. Mas você é rigorosamente articulado e a tua transparência se faz óbvia, clara, explícita. E, percebo que, nesta louca relação, meus seios sempre verteram fel na sua boca, mas você se apaixonou pelo que julgava ser minha única amargura. Sim, eu tentei te mostrar outro mundo, mas acabei cutucando tuas feridas e, confesso, eu não tinha a cura: o abismo que te norteava era muito mais profundo.
Marla de Queiroz

3 comentários:

Arthur Rangel B) disse...

"E, percebo que, nesta louca relação, meus seios sempre verteram fel na sua boca, mas você se apaixonou pelo que julgava ser minha única amargura. "
SImplesmente lindo! Perfeito! Estarrecedor! E ainda mais pra um poeta! Parabéns!

Lucia disse...

a imagem é linda mas o texto achei bicheira. Desculpe.

Unknown disse...

Louca daquela (daquele) que quiser enxergar a Marla por trás dos textos. São tantas, que creio que até ela mesma se perca. Fora as reminiscências, acredito que ela se abra a cada lufada de amor como se fosse a primeira vez, inclusive aos imaginários.
Quanto ao texto, discordo da brisonmattos, pois o texto é forte e muito bem escrito.

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...