Foto: desconheço o autor
Há tempos minha vida deu uma guinada após um
longo processo de depressão e exílio voluntário. Estive muito fragilizada e,
inicialmente, fui amplamente acolhida por “alguns amigos”. Como a minha
situação emocional se agravava cada vez mais, eles foram se afastando e,
naquele momento, o contato com as pessoas também parecia não me apetecer mais,
pois, provavelmente, eu não estava sendo uma boa companhia: queria viver o meu
fundo de poço, sozinha. O que aconteceu, é que depois de muito sofrimento,
enjoei daquela dor e daquele abandono de mim mesma_ resolvi reagir e procurar ajuda_
espiritual, profissional e etc. E, da mesma forma que me entreguei àquela situação
deplorável e me permiti vivenciá-la até a total vontade de desistência da vida,
renasci INTENSA e INTEIRA, com uma disposição absoluta para ser feliz.
Tem sido assim desde então. Não há um dia sequer
que eu não faça algo que me permita gargalhar por um bocado de tempo. Não há um
minuto em que eu não entre em contato com a minha essência, que é de alegria.
Não há momento algum em que eu não me permita brincar para aprender a ser leve,
ou pelo menos, estar leve! E resgatar essa minha sede de vida me encheu de uma
gratidão profunda e me fez olhar para as minhas conquistas e não apenas para os
meus desamparos.
Por muito tempo me deixei ser acompanhada pela
angústia e me abracei a ela. Nesta fase, meus “alguns amigos” se sentiam
“úteis” porque estavam “superiores” quando “cuidavam” de mim. Mas o que eu não
sabia é que insuportável seria minha ascensão, minha alegria. Se antes eles
estavam disponíveis, hoje eles apenas sentem saudade. Se antes eles eram o meu
bálsamo, hoje eles são uma lembrança bonita. Se antes eram presença, hoje são
mais um avatar no facebook que não têm tempo para um encontro real... É por
isso que me pergunto: e se não houver o amanhã? Todos andam muito conectados,
mas absurdamente indisponíveis... E falam do amor de uma maneira incrível, mas não
conseguiram transcender à palavra a ponto dela se tornar uma verdadeira
experiência.
Refletindo sobre tais situações, percebo que por determinado
tempo, é preciso que exerçamos o amor e a gratidão pelo amparo que nos foi dado
no momento mais difícil e que tentemos compreender por que, consciente ou
inconscientemente, o Outro ficou tão desconfortável por eu ter me tornado uma
pessoa saudável, viável, produtiva. Mas é preciso também, após o tempo dado
para que o Outro se resolva, dar-se o mesmo para refletir: como me sinto em
relação às atitudes dele?E é isso que tem me importado.
Sei que amar o Outro abrange uma dimensão muito mais
complexa do que apenas compreender as idiossincrasias, mas amar-se abrange
também um universo muito maior que aceitar que o outro só ame o que há de mais
frágil em você... E, se eu gosto de conviver com a força que habita em mim, a
escolha desta alternativa faz com que eu prefira que o Outro se afaste ao meu
autoabandono novamente.
Não é fácil, mas eu tive que aprender a tornar isto simples.
Marla de Queiroz
14 comentários:
oi Marla,
perfeito,
me vi retratada em suas palavras,
é impressionante tem alguns que só se importam com você,
quando você tem...
outros só quando te veem muito mal...
decidi também tirar da minha vida o que me faz mal,
e hoje sou muito mais feliz...
beijinhos
Lindamente explícito... os amigos são aqueles que nos toleram nas crises, mas que nos permitem abandoná-las e vibram com isso...
Um bj terno de amiga que suporta marés...
Aline
Sigo seu blog já um bom tempo, primeira vez que comento. Como eu afirmei pra mim mesmo, "não, não o sigo; sim, o caminho". Somos responsavéis por nossas escolhas e que bom esteja em paz.
Aí está uma verdade Marla,as pessoas andam muito conectadas e totalmente ausentes para lhe mandar uma mensagem no celular,para receber uma ligação,ou simplesmente para perceber que vc não está muito bem.
Ligam mais para status virtual do que para um contato real e isso não é nada bom,pois o sentimento vive dentro da gente e não de um computador.
Adorei a reflexão,abraço querida,=)
Lindamente perfeito *-*
Amo seus textos...MAs como faço pa comprar seu livro?Entrei no face e nada...Beijinhos!!!!
Marla,
A amizade assim como o amor é uma via de mão dupla onde testamos, diariamente, a nossa vaidade, o nosso ego e nos colocamos, também, à disposição do outro.
Desejo-te, nesse novo caminhar, não um milhão de amigos, mas bons e seletos ouvintes, que saibam espalhar pétalas de rosas na passarela por onde caminham as tuas dores. Bjs
O verdadeiro entusiasmo só pode vir da busca pelos sonhos, a verdadeira motivação só nasce quando vivemos com um propósito. Realize-se e todos os Outros terão então se torna parte de sua realização.
mARLALINDA, Li esse texto lindo e estou exatamente nesse processo que vc passou, ufa! Espero passar por tudo e no final apenas ser feliz!um bj grande.
Então... muito belo o texto, em alguns momentos me vi nesse retrato. Por um momento pensei que o texto iria declinar em sua essencia, mas logo entendi em seu contexto. Entendo que ´´SERENO É QUEM TEM A PAZ DE ESTÁ EM PAR COM DEUS``.
Então... muito belo o texto, em alguns momentos me vi nesse retrato. Por um momento pensei que o texto iria declinar em sua essencia, mas logo entendi em seu contexto. Entendo que ´´SERENO É QUEM TEM A PAZ DE ESTÁ EM PAR COM DEUS``.
Então... muito belo o texto, em alguns momentos me vi nesse retrato. Por um momento pensei que o texto iria declinar em sua essencia, mas logo entendi em seu contexto. Entendo que ´´SERENO É QUEM TEM A PAZ DE ESTÁ EM PAR COM DEUS``.
Que bom que você conseguiu! Feliz com você! Obrigada por compartilhar-se, em belíssimas palavras, conosco. Consciência e luz!
Por coincidência eu estava ouvindo uma música que tem muito haver com o que vc escreveu.
http://www.youtube.com/watch?v=lrXIQQ8PeRs&feature=autoplay&list=FL4aT8wNcKDsyZD0Jp90-z1g&playnext=2
Dizem que amigo não é aquele que fica ao seu lado quando você está no chão e sim aquele que se alegra com sua felicidade. Sentimento mais puro esse de apenas ficar feliz com a felicidade do outro. Confesso que levei tempo para compreender a dimensão dessa resolução, mas para mim ficou claro como água quem eu poderia chamar de amigo e a quem eu era amiga de verdade.
Já passei por esses momentos de fragilidade, quando você se senti de vidro, quando parece que o mundo é cruel demais com você. E realmente as vezes ele é mesmo, mas passei a me permitir sentir dor mas deixei a alegria entrar também. E foi uma estrada de mão dupla. Eu não poderia ignorar uma ou a outra, pois em algum momento uma iria me sufocar e me fazer cair novamente.
Isso ao meu ver é o aprendizado de si mesma, que é eterno.
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...