Licenças Poéticas, prosa incerta, poesia em linha reta, versos que dançam fora da forma do poema, mas dentro do corpo do poeta.
domingo, março 30, 2008
Outono
Peneiro no silêncio algum gesto.
Há vida pra contar, mas falta um jeito.
Palavras tão ausentes, as unhas sem vermelho,
só há vulcões por dentro.
Já é outono, meu amor,
estação em que me despeço de todos os meus gritos.
Há fortes luas e um sol ameno
e a pele da cidade acariciada pelo vento.
(Carícia é palavra que escorre pêlos-dedos-língua).
Alguma nostalgia nos finais-de-tarde.
Eu brinco de poesia na frente do espelho.
Os olhos sem segredos, a boca tão urgente
e um pequeno amor trazido pela brisa .
Já é outono, meu amor, e a palavra em si já é aveludada:
merlot bem encorpado, inverno é cabernet demais e um tanto ácido.
Então me abraça, meu amor,
que eu conto pra você os meus anseios
e deixo que você repouse sua cabeça
entre os meus seios.
*
*
Marla de Queiroz
9 comentários:
Ah Marla! Eu poderia ficar horas te lendo, e fico... Aqui já estive, e desde a primeira vez, voltei sempre... Li muitos dos teus posts, reli tantos outros, e nem sei pq. não te escrevi antes, talvez seja pq. eu sempre fico assim meio boba e sem saber o que dizer diante de algo que eu goste muito... Mas, hoje, ainda boba (rs) resolvi te falar, talvez pq. seja outono(rs), não sei...! O outono sempre mexeu mais comigo, nem sei bem pq., talvez seja mesmo como vc. descreveu esse "sol ameno, a lua tão forte, e o vento...". Realmente eu não sei, só sei que mesmo sem saber o que te dizer, hoje eu disse...(rs!). Grande beijo, moça!
"Carícia é palavra que escorre pêlos-dedos-língua"
senti a carícia.
amo ler-te.
Marla,
O poema tá bem musical, pede alguém para musica-lo. Vai ficar uma canção legal.
Beijo.
Cássio Amaral.
"Então me abraça, meu amor,
que eu conto pra você os meus anseios
e deixo que você repouse sua cabeça
entre os meus seios."
Se eu não tiver a quem, eu invento alguém para isso fala e fazer! [risos]
"Eu brinco de poesia na frente do espelho."
Como é bom me olhar.
Como é bom te ver.
Reflexos-sempre ao redor.
Beijos, flor-bela Marla. (((:
E obrigada pela InsPiração mágica!
:D
Preciso de te dizer o quanto gosto daqui. O quanto gosto de você. O quanto o teu poema "Arquitetura da Relação" me ajudou e me fez crescer. Me identifico muito com ele pois agora estou mudando de apartamento e trazendo pra dentro dele uma pessoa que amo (meu namorado) e esse texto incrível serviu bem.
Queria te agradecer pelo colírio e também dizer que venho aqui quase diariamente.
Amo te ler, e amo vc sem nem ao menos conhecer, mas que sem dúvida, se vc for parecida com o que escreve, és uma pessoa inimaginável, incrível!
Obrigada mais...
Aqui tem cheiro de rosas...
:)
Oi Marla!!
Tem uma surpresa pra vc no meu blog... passa lá pra ver!!!
=)
Vento leve brisa breve enleva carnes unhas línguas dedos pêlos pelo corpo a corpo. Um vendaval é o contínuo da brisa.
dudupererê
www.verbologue.zip.net
(Carícia é palavra que escorre pêlos-dedos-língua)
Gosto muito deste pedaço, que aposto foi escrito com alma e coração...e a palavra deve manter-se sempre bem viva, assim como que a modos de "fiel depositária dos nossos anseios e desejos.
beijinho grande.
"Há vida pra contar, mas falta um jeito.
Palavras tão ausentes, as unhas sem vermelho,
só há vulcões por dentro."
(Vc me lê...)
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...