Foto: Rodrigo Bela Vista
Estou abandonando os excessos com dedicação, disciplina e com todo o cuidado que uma despedida pede para que não seja traumática demais. Eu só soube que estava tudo errado com as minhas atitudes quando elas não serviram mais pra sustentar minha leveza. Foi quando tudo que antes era divertido terminou por me machucar por dentro e plantar no meu olhar uma tristeza sem horizontes alcançáveis. Quando tive que começar a me explicar demais, quando meus personagens foram morar nos meus atores e começamos a viver realmente as dores que inventei, foi quando decidi matar a autora de tantos dramas pra cuidar da casa, regar as plantas e me isolar um pouco enquanto reavaliava quais seriam meus próximos passos. (A minha intensidade não pode continuar servindo de tripé para tanta agonia). Preciso pontuar as histórias, delimitar certos espaços, dissolver conflitos, definir minhas relações e preservar um resto de sanidade que há em mim.(Nunca fui misteriosa, mas expor minhas vísceras na luz mais nítida do dia têm me feito contorcer de desprazer).
A imagem que tenho é a de uma ponte interrompida que desistiu de promover encontros e transformou a metade do caminho de uma possibilidade de relacionamento, num precipício inda mais perigoso, composto por abismo e correnteza. (O estalo seco de um tombo anterior ainda ecoa). E a ressaca de tantos mal-entendidos me empurram pruma nova busca.Vou silenciar um pouco enquanto refaço o mapa do meu destino e elimino definitivamente essa geometria de triângulos que só serviram pra me espetar com suas pontas tão agudas.Talvez eu consiga seguir mais lúcida e tornar a falta de embriaguez suportável.Quero precisar cada vez menos de tantas próteses e do uso dessa desculpa da poesia que brota daquilo que mais dói em nós.Vou abrir a janela para que o ar circule e recicle toda essa energia estagnada. Não preciso mais de tanto contato com as coisas, tenho exagerado nos meus mergulhos e usado lupas que distorcem as imagens. Agora eu só quero me preocupar com uma nova disposição dos móveis na casa enquanto ponho as roupas sujas na máquina de lavar.
A imagem que tenho é a de uma ponte interrompida que desistiu de promover encontros e transformou a metade do caminho de uma possibilidade de relacionamento, num precipício inda mais perigoso, composto por abismo e correnteza. (O estalo seco de um tombo anterior ainda ecoa). E a ressaca de tantos mal-entendidos me empurram pruma nova busca.Vou silenciar um pouco enquanto refaço o mapa do meu destino e elimino definitivamente essa geometria de triângulos que só serviram pra me espetar com suas pontas tão agudas.Talvez eu consiga seguir mais lúcida e tornar a falta de embriaguez suportável.Quero precisar cada vez menos de tantas próteses e do uso dessa desculpa da poesia que brota daquilo que mais dói em nós.Vou abrir a janela para que o ar circule e recicle toda essa energia estagnada. Não preciso mais de tanto contato com as coisas, tenho exagerado nos meus mergulhos e usado lupas que distorcem as imagens. Agora eu só quero me preocupar com uma nova disposição dos móveis na casa enquanto ponho as roupas sujas na máquina de lavar.
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(sus)penso em passos de (mu)dança.
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Marla de Queiroz
19 comentários:
seu blog é lindo!
E super gostoso de ler...
A vida é isso, Marla. Mudanças extremamentes necessárias quando o interior dói.
Depois a gente percebe o que somos e o que são apenas letras, sei lá.
Mais uma vez, eu sinto como você e gostaria de ter a mesma 'facilidade' de 'explicar'. Te admiro muito.
Beijo e sucesso em suas descobertas.
Marla,
Eu gosto da forma como vc conduz as coisas.E eu sei o quanto deve ser difícil viver intensamente numa sociedade em que os desequilibrados pedem da gente justamente o que eles não conseguem deles mesmos: equilíbrio.
Seus excessos são de poesia e alegria, por que abandoná-los?
Vc é linda do jeito que é, nunca vi tanta luz e presença numa pessoa.
De qualquer forma, se o desconforto é seu, convém sim reorganizar suas histórias.Mas tem uma frase da Clarice Lispector (que eu sei que é sua musa porque fala apaixonadamente sobre ela)que diz que é perigoso cortar até os próprios "defeitos" porque às vezes eles são a base de todo o edifício.
Não sei o que se passa, mas te observo há tempos e admiro cada vez mais.
Eu só espero que vc seja muito feliz sempre,(re)fazendo suas escolhas.
Só pelo bem que a sua poesia me faz e pelo sol que vc traz com vc quando chega em qualquer lugar, te acho perfeita pra essa existência cheia de gente recalcada e mesquinha.
Todo amor dessa vida e muita luz, menina do sol-riso.
Teu fã desde sempre.
Que assim seja, e que neste casulo - tão saudável e essencial -ainda reste alguma fresta entreaberta, reluzindo novos ares, presságios bos versos de sorrisos esquecidos, amarelados no tempo, distorcidos por sentimentos vãos.
Marlegria, sempre linda.
Meu afago!
oi, marla, meu nome é lizandra
sou aluna de psicologia da universidade estadual do Piauí e estamos fazendo um trabalho monográfico sobre o blog como espaço terapêutico, e percebemos que seria interessantíssimo contar com a participação do teu blog para a pesquisa.
se você tiver interesse em participar me confirme nesse e-mail:
psicologiamonografia@gmail.com
lizandrapsiq25@hotmail.com
Lizandra
Contato: (86)88249728
a gente agradece.
Amada...
Quando os triângulos começam a espetar, é sinal que na geometria da vida há que se optar por outras formas...
Talvez chegou a hora do círculo...
Esse, depois de fundido, torna-se impossível saber onde fora o início e diante da esfera perfeita, é impossível ver o fim...
além, claro, de mover-se com total facilidade...
A esfera alterna...
momentos sólidas, firmes e devastadoras mas ao chão como uma bola de canhão...
ou lívidas, leves, flutuante como bolas de sabão!!!
Bjs com carinho,
Cacau.
Espero que as mudanças seja pro seu melhor...
e estarei aqui esperando o seu retorno... “Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira”. Cecília Meireles
bjssssssss
"Preciso pontuar as histórias, delimitar certos espaços, dissolver conflitos, definir minhas relações e preservar um resto de sanidade que há em mim."
Isso é tarefa pra uma vida IN-TEI-RA, Flor!!! AMEI!!! (:
Ah... as tríades... elas são formadas por elos abaláveis, mas sua eternidade é tão verdadeira quanto a nossa. Mudam os personagens, menos Um. Tudo a volta pode mudar, mas O Três sempre se faz presente.
A vida é estranhe, né? (;
Beijos, flor. Entre em contato mesmo com o "furacão"! Só algo como ele faz as coisas mudarem de lugar.(:
Estou impressionada com o jogo cênico que vc faz com as palavras... como consegue?
Comecei ler tuas coisas e me prendi.
Gostei.
Visitarei mais vezes.
Abraços.
Olá..
Faz um tempo que visito seu blog secretamente. Por indicação de La Pasta hoje também sou sua fã.
Sou do RIO tb..mas de Rio Claro/SP.
Menina mulher...poeta e apaixonante.
Sua poesia faz a diferença em meus dias.
Um abraço
Sua fã
Ana e o Mar
Marla! Suas palavras executam uma sonata dentro de mim!
Parece que voc� me entende e parece que eu te entendo!
Sei bem o que � ser desmedida, n�o sabendo fazer, sentir, ser diferente... mas tamb�m quero apostar na dedica�o e na disciplina ( e na an�lise, claro! rs) para que as coisas doam somente quando devam doer e n�o mais que o necess�rio. A poesia n�o nos deixar� n�o seremos menos n�s mesmos se formos menos absolutas e se sofrermos menos.
Abra�o com velcro!
Querida! Tenho andado ausente daqui... na verdade, tenho me ausentado de muitas palavras... de certas sintaxes inatingíveis... às vezes entro, leio... e calo. Mas HOJE eu vim terminar o abraço quente que trocamos há um ano... em Sampa... porque a saudade é imensa: de lá e de ti. beijos.
#- (Uma margaridinha para enroscar em seus cabelos encaracolados...)(Sussuros)"Quero fazer com você, o que a Primavera fez com as cerejeiras..."
Marla
Pode ser que seja preciso perder-se para salvar-se, mas não julgue suas palavras...nunca...elas são bentas demais...são livres da tua angústia...são passáros, fêmeas e bárbaros que continuarão te invadindo aonde quer que vás....
estou também com muitas saudades
estive numa longa viagem...passei pelo rio mas fiquei num congresso o tempo todo...ainda abraçarei tua carne, em breve, mas tua alma confraterniza momentos únicos junto a minha a muito tempo
eu adoro vc
grande beijo querida
cuide-se
apenas lave suas dores com água de cheiro, coloque seu vestido predileto, flor nos cabelos, pés desclaços e saia por aí.....calando, gritado...não importa...desde qeu seja vivendo...
beijos beijo
Carol Montone
Marla
Pode ser que seja preciso perder-se para salvar-se, mas não julgue suas palavras...nunca...elas são bentas demais...são livres da tua angústia...são passáros, fêmeas e bárbaros que continuarão te invadindo aonde quer que vás....
estou também com muitas saudades
estive numa longa viagem...passei pelo rio mas fiquei num congresso o tempo todo...ainda abraçarei tua carne, em breve, mas tua alma confraterniza momentos únicos junto a minha a muito tempo
eu adoro vc
grande beijo querida
cuide-se
apenas lave suas dores com água de cheiro, coloque seu vestido predileto, flor nos cabelos, pés desclaços e saia por aí.....calando, gritado...não importa...desde qeu seja vivendo...
beijos beijo
Carol Montone
Puxa Marla...eu discretamente tenho vindo sempre aqui no seu cantinho e encontrado tanto de mim em você. E agora de novo...putz...não sei o que te dizer. Talvez desejar que tenha colo, um colo de Anjo da Guarda. Que te impeça de falar e sofrer, que te acaricie e cantarole uma musica sem sentido bem baixinho. Que encontre a paz do silêncio e que meus beijos cheguem até você cada vez que eu venha aqui no seu blog. Sarah.
Pq você me transcreve de uma forma tão original?...rs...rs
Te adoro menina sorriso...só riso
Ai ai... vc tem uma forma de escrever tão doce, tão certeira, tão tudo de bom... amo vir aqui!
O Mukifu continua te aguardando sempre :))
bjssss e sucesso infinito!
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...