
Foto: Carla Salgueiro
Hoje eu acordei indócil como são as fêmeas que clamam pelo sêmen semântico.Das que querem beber o líquido quente e viscoso que o verbo derrama no ventre da poesia.Indócil de energia represada, desse ardor inclemente, da vontade da palavra molhada pregada na língua do poeta.(E essa intimação para o passeio lúbrico entre as frestas).Indócil e fácil, súbita e assumidamente oferecida.Daquelas que se despem salivando penetrâncias. Crestada como flor ao sol enxugando-se do orvalho.Planta carnívora, cigana balançando a saia na dança dos Orixás.Suor íntimo de mar, um cheiro fresco de mato. Banho de rosas vermelhas, recendências de almíscar, sinfonia de gemidos.Indócil de tanta força entre as pernas, predadora consumindo a presa entre as coxas.(Cravo as minhas unhas na tua cor de canela).
Dispenso pontes, despeço pudores, despisto a distância
e atravesso a nado o rio que abraçou nosso saveiro.
Porque hoje eu acordei indócil dessa vontade de tê-lo...
“ Que seja doce”.
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Marla de Queiroz