Eu omiti que ia publicar um livro com a nossa história real. Foi de pirraça e de amor não correspondido que eu escrevi aquilo tudo. Mas saiba, eu cuidava pro meu coração não acreditar naquela raiva, você sabe, eu não sinto assim, eu não sou assim. Eu só consegui, mesmo com meu coração tão apertado, falar do amor do jeito que a gente acreditou um dia nas primeiras frases. Depois tive que escolher cada uma daquelas palavras ácidas porque não podia levar teu personagem pra guilhotina_ o protagonista não pode morrer no meio da trama. Mas eu não sabia mais o que fazer com você, eu queria desistir do teu personagem porque me doía inteira ele sendo. Escrevi desgostosa tuas desventuras, entenda, eu era a narradora onisciente, eu era deus naquela ocasião e você havia me magoado tanto na página 143.Pode parecer loucura, mas não fui eu quem escolheu você me abandonar naquele café metido à besta, nunca tomei um café que custasse tão caro só pra chorar depois em meio àquela gente cheia de pose. Não podia ser num cenário mais mal-composto. Como autora, eu pensei que pudesse ser a mulher mais incrível do livro, a mais sedutora.Mas parece que teu personagem foi me dominando, querendo me magoar em público.E, quando eu achava que tinha todo o controle da situação, você me surpreendeu no final do capítulo cinco, querendo enfiar tua vida numa mochila e ganhar o mundo fora das minhas páginas. Você querendo todas as mulheres que poderiam ter sido minhas amigas. Desculpa eu ter sentido tanta raiva, mas as pessoas vivem essas coisas, até as mais espiritualizadas.Eu tive muita raiva de ser a narradora de uma história que eu não controlava mais. Você podia ter me poupado da sua autonomia, mas saiu, no meio do parágrafo, atravessando as ruas, saltando minhas vírgulas, tropeçando minhas aspas, desrespeitando meus parênteses. Eu tinha escrito uma cena na praia, no finalzinho da tarde, essas coisas que englobam uma lua inédita e cadernos espalhados em cima de uma canga colorida enquanto o casal toma um banho de mar num clima romântico.Mas a sua rebeldia me fez correr atrás de você e discutir a relação num capítulo inteiro, em cima daquela faixa de pedestre, tentando arrancar tua mochila enquanto os motoristas buzinavam furiosos por causa da baixaria debaixo do sinal vermelho-verde.Você bagunçou todo o meu roteiro.Foi por isso que dificultei a tua vida e te dei mais defeitos que charme.Eu queria ferir tua vaidade usando teu nome e sobrenome verdadeiros para que não houvesse dúvidas de que era sobre você que eu estava falando.E soterrei todas as suas qualidades naquele bloco de texto.Foi por isso que meu final feliz incluiu um casamento com um diplomata que não era você, no mesmo dia em que te fiz perder o avião pra Londres.
16 comentários:
Marla,
Eu quero um livro!rs
Gostei da história, deu vontade de continuar a leitura... adorei as sutilezas escondidas nas palavas.
Volto sempre.
Beijo
uauuuuuuuuuu!!!!!tô bege...quero mais com certeza.........esses homens...sempre atrapalhando nossos roteiros..risos........
beijão flor...sério mesmo...quero este livro agora de qualquer jeito...quando é a festa de lançamento????rs.....olha só ahco que estarei no rio logo...te escrevo...tive aí a pouco tempo, ams só trabalhei muuuuuito e não tinha tempo nem para um café...nao queria te conehcer pessoalmente assim...
muito engraçado as irmãs Montone....abrindo sua caixa de comentários...coicidências não existem...somos suas fãs mesmo..hahah
bom findi....
aproveite o diplomata rs
bj
Carol Montone
Esperando ansiosamente o próximo capítulo.:)
Quero o resto!
É incrível esta facilidade de colocar tudo pra fora, de repassar a vida em texto, em prosa e verso...
Marla! Linda você!
Quem dera as visitas que faço aqui pudessem ser sentidas por você...
:(
Tu esqueceu de mim... mas eu quero meu livro!! Ah! Como To querendo esse livro!
Beijo bem redondo para contornar os sentidos...
É sempre assim. Toda bela estória que acaba vira um resumo onde preferimos contar sempre os piores momentos. Menos mal que sempre dá pra ler tudo de novo.
Parabéns pelo texto. As aulas da tia Cássia fizeram bem. rsrsrs
mt bom.palmas!
Bom, sem palavras, ao mesmo tempo que curioso, digamos que mergulhei a fundo nesse pequeno trecho de fatos narrados, com mistura do real com a escrita, onde autor e personagem dividem a linha tênue da fantasia com a realidade, ou seŕia a realidade com a fantasia ?
Realmente adorei, como já te disse "poetisa", adorei você.
Aguardo as cenas dos próximo capítulos.
Grandes Beijos
Perfeito!
Encontrei o seu blog de uma forma e saio de outra.
Você tem um dom muito especial, fico honrada só em postar aqui. Por favor comece a publicar os seus livros! A literatura brasileira precisa de você.
"Eu tive muita raiva de ser a narradora de uma história que eu não controlava mais..."
Ai Marla, como pôde me tocar tão fundo?Estes impulsos que nos tomam, desfazendo os nossos mapas -tão meticulosamente pensados - e traçando os seus próprios passos.
Lembra do nosso papo no bar, em que eu dizia que quando se escreve a gente não se alcança?E depois, quando passa, a gente fica só digerindo este mergulho?
Então, é isso...
Também quero um livro!
Amo-te.
Beijos.
E soterrou todas as qualidades do cara no bloco de texto.Abandonar essa mulher forte naquele café metido à besta dá nisso. Desde as aulas de literatura no colégio, lembro-me do seu registro escolar cujo nome já mostrava: narradora onisciente. E essa moça sabe tudo mesmo e manda nas cenas que protagoniza. Riodaqui ao mar. Beijo aí - Paulo Vigu
O mundo tá perdendo você, minha flor...
E nós aqui, "egoísticamente" usufruindo das suas palavras mágicas que constroem textos fascinantes.
Que orgulho ter você no meu jardim e compartilhar dessa energia.
Parabéns!
Bjo grande.
puta mierdaaa!!!
incrivellll
apixonada por vc...
pessoa bunitaaa
beijos meus no seu coraçao...
ah neim..por que eu num escrevi isso?? por que eu num pensei nisso antes meu deus, por que???
lindo d+++, pequena...
se você usa essas coisas de msn, será que vc me adicionaria?
Magnífico! Oi Marla, tava com saudades...Adorei o que você fez com a escrita! Voltarei para ler mais...pode? Apareça lá pelas viagens...Um beijo!
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...