Para M.C.que me contou uma história tão dolorida.
É que esse amor a bagunçou inteira. Jurou que viria vê-la por três vezes. E a mesa posta, a casa limpa, o vestido bordado. Agora o cheiro das flores que murcharam na chita do vestido lavado. Agora esse café frio, uma das taças intacta, o vinho pela metade. E ela contando sua coleção de esperas, crepúsculos e cartas rabiscadas em guardanapos.
Tentando se reorganizar novamente, rezava pra que tudo voltasse ao seu devido lugar: onde não havia nenhum (falso) entusiasmo e nenhum desses fogos (de artifício). Ela havia chamado de tédio um momento em que , na verdade, seu coração estava em paz.
É que esse amor a bagunçou inteira. E a louça suja de um prato só. E a angústia dura de um parto só. E toda a ternura, como havia lido em Drummond, toda essa ternura inútil, desaproveitada.
Ela só queria que essa dor tão familiar, lhe fosse estranha. E que alguma coisa lhe fizesse companhia, nem que fosse uma voz do outro lado que considerasse a importância que havia para ela de, pelo menos, ouvir um adeus.
E pedia esperançosa: Deus perdoa por eu ter amado desajeitadamente, quem não me amou de jeito algum.
É que esse amor a bagunçou inteira. Jurou que viria vê-la por três vezes. E a mesa posta, a casa limpa, o vestido bordado. Agora o cheiro das flores que murcharam na chita do vestido lavado. Agora esse café frio, uma das taças intacta, o vinho pela metade. E ela contando sua coleção de esperas, crepúsculos e cartas rabiscadas em guardanapos.
Tentando se reorganizar novamente, rezava pra que tudo voltasse ao seu devido lugar: onde não havia nenhum (falso) entusiasmo e nenhum desses fogos (de artifício). Ela havia chamado de tédio um momento em que , na verdade, seu coração estava em paz.
É que esse amor a bagunçou inteira. E a louça suja de um prato só. E a angústia dura de um parto só. E toda a ternura, como havia lido em Drummond, toda essa ternura inútil, desaproveitada.
Ela só queria que essa dor tão familiar, lhe fosse estranha. E que alguma coisa lhe fizesse companhia, nem que fosse uma voz do outro lado que considerasse a importância que havia para ela de, pelo menos, ouvir um adeus.
E pedia esperançosa: Deus perdoa por eu ter amado desajeitadamente, quem não me amou de jeito algum.
*
Marla de Queiroz
22 comentários:
"o tempo é a maior distância entre dois lugares."
porque me deu vontade!
Parabéns! Você é realmente MUITO boa no que eu também faço, mas eu to só começando...
Posso salvar teu link no blog para indicar?
Saudações
Colecionando esperas, lá vai ela, lágrimas de amor rolando, molhando a cadeira,bagunçada, desgranhada, esperando, na consequência das horas. Agora o vento invade o quarto e ela nem se mexe. É tanta coisa/dor da alma, que, se mexer, piora.
Saudade da dona daqui. Também não vou falar muito, pois, senão, piora. Passe no Rio. Beijo - Paulo Viggu
Vc é abençoada, não me canso de falar isso...
simplesmente B.E.L.I.S.S.I.M.O...
Nossa! Que poder é esse que você tem com as palavras?
sempre um texto perfeito, que mexe com meus sentidos!
Parabéns... sempre muito tocante!
Bjs
Marla, sempre doce Marla! Que coisa boa te ter por perto e vc. arranjando um tempinho pra mim, fico toda boba (rs). Por que? Por que sou tua fã? Por que te admiro? Por que me identifico e me vejo em tuas linhas? Por tudo isso e um tanto mais (esse tanto, esse mais que palavras não expressam...). Mas, sobretudo, porque com você, moça, nenhuma "ternura é desaproveitada". Porque escreves com uma ternura tão genuína, tão tua... que comove! Sempre me emociono ao te ler. E, esse texto? Dói inteiro...
Um beijo imenso!
Histórias como essa acontecem no dia-a-dia, nas esquinas, aos normais. Mais do que imaginamos... Mas fantástica a maneira com que as descreve. Parabéns!
Amei, muito!
E só encontro palavras pra te agradecer por me envolver nesse seu texto. Por trazer no momento exato, uma leitura que me fez chorar, refletir....
Sua fã, pra sempre e desde sempre.
Primeiro, posso usar sua frase?
"Deus perdoa por eu ter amado desajeitadamente, quem não me amou de jeito algum."
linda, singela, simples e sincera.
Virou leitura obrigatória agora...
http://silogismojuridico.blogspot.com/
de repente, uma saudade absurda de você e de novo esse costumeiro encontrar-me nas suas palavras.
eu te amo por isso.
puxa
como é que pode ser sempre assim tão denso tão eterno te ler. Ainda hoje eu me senti exatamente assim e você achou as palavras que não saiam da minha boca, mas jorravam de meu coração em silêncio...
saudades
beijos
Carol Montone
dolorido e muito lindo
beijo grande
Pra quem Ama sem batidas recíprocas, o perdão é de dentro em primícia. Depois, Deus sempre dá o seu. (;
Beijos, flor.
Marla!!!! Nunca mais vou dormir sem dar uma passadinha aqui... Te juro!!!! Beijo!!!! Nem sei o que dizer... DEMAAAAIS!!!!
Simplesmente Perfeito!!!!!
Nossa!!! Senti seu texto... remete um pouco ao momento que estou vivendo.... Mto lindo!!!! Depois vou te contar minha história Beijão!
=)
Doeu...
pq vc entende tao bem os sentimentos mais difusos
pq vc tem as palavras certas pra esses momentos onde nao queremos ouvir nada... mas precisamos de tudo
*
*
*
*
já comentei o texto masli de novo e precisei comentar de novo.
incrivel.
:*
M.C. é Milena Castro?
rsrs, bem que podia ser...
vc entende de alma feito ninguém.
beijos por isso.
Tão somente dos textos que li seus, para mim, o mais belo de todos
és sublime! Sou tua fã (:
Postar um comentário
A poesia acontece quando as palavras se abraçam...