Foto: Graça Loureiro
E, de repente, ela sentiu uma saudade. Mas uma saudade tão frágil e delicada que vinha destituída de qualquer expectativa de encontro. Era uma saudade seca, oca, sem necessidade de notícias. Como se ela relembrasse uma infância que foi boa, mas que não queria repetir. A saudade, ela mesma, a palavra toda preenchida pela sensação, com rostos, cenários, detalhes tão íntimos, mas sem voz, sem qualquer barulho. Intransitiva e estéril. Fotografia sem foco. Desapegada como um monge. Um copo vazio.
E, de repente, ela tentou organizar a sensação vaga e etérea como quem tenta segurar um raio de sol entre os dedos. Mas parecia ter desaprendido a dizer coisas. A poesia se atirava dela como que preferindo um outro abismo. E as palavras flácidas tentavam se equilibrar no único caminho pontilhado que se apresentava: ela estava repleta de reticências e não sabia como preencher tantas lacunas. Óvulo sem útero. Céu vazio de luas.Vestido órfão de um corpo.
E, de repente, (...)
E, de repente, ela tentou organizar a sensação vaga e etérea como quem tenta segurar um raio de sol entre os dedos. Mas parecia ter desaprendido a dizer coisas. A poesia se atirava dela como que preferindo um outro abismo. E as palavras flácidas tentavam se equilibrar no único caminho pontilhado que se apresentava: ela estava repleta de reticências e não sabia como preencher tantas lacunas. Óvulo sem útero. Céu vazio de luas.Vestido órfão de um corpo.
E, de repente, (...)
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Marla de Queiroz
14 comentários:
Me lembrou um pouco Clarice, terminando assim, no meio de algo. Como se ainda houvesse uma possibilidade de encontro nessa saudade. É que a vida dá voltas...
Amo seu blog...suas palavras tocam minha alma!!!
bjus e linda semana!!
Sempre interessante deixar aberto o leque das possibilidades...
Mas o coração pulsa e nos diz tudo.Ah...diz.
Beijos, moça bonita.
lindo!!!!!lindo!!!!!!e derrepente ela sentiu saudades....,digna de uma bela aquarela, digna de uma bela exposição!hehehehe,,,,,beijos!!!!!
Essas personagens de Marla - essas mulheres amazonas - lutam com a saudade e outras sensações do campo da fragilidade. Porém, nem por isso deixam de tentar segurar raios de sol entre os dedos. Eu, daqui, gosto muito. E recomendo. Riodaqui - beijo em Marla - Paulo Vigu
Tem gente que consegue escrever o que a gente sente sem sequer nos conhecer.
Vigu me apresentou vc. Fiquei fã.
abs
Pri
Saudade... sentimento que expande até nos tornar dormentes...
Entrei pra dar uma olhada e não consegui mais sair...
Apaixonante... Parabéns!!!
e eu que, tão sem tempo, deixo de vir por aqui e perco tantas coisas belas...
amo-te, Moça-Mar!
Flor, flor.
Sublime, e dizer mais só seria retórica vazia.
Sim hoje estou assim!
bjus
Exatamente assim tenho me sentido amiga...
Tu mes descreves tão bem as vezes...
sou a própria loucura......mas também sou alegria , como tuas palavras saltitantes que passeiam por mil caminhos diferentes
meu beijo
saudades
Você é fantástica...
Parabéns!
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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...