quinta-feira, janeiro 04, 2007

Pra você.


Foto:Maria Flores


Esse caboclo quer arrancar da minha pele cada gota de suor guardado no inverno. Eu fico esperando bem do jeito que ele gosta: com os cabelos desgrenhados e florida até os dentes, depois de hidratar os contornos que ele sabe passear tão bem.
Espalho alfazema pela casa enquanto canto a canção que diz
“Vivo em teus bosques, bebo em teus rios...línguas de lua varrem tua nuca...eu juro beijar teu corpo sem descanso...”
Ele me ouve longe, diz que tenho voz rouca agridoce boa de ouvir BOM DIA!
(e de deixar o dia bom mesmo).
É que esse seu cheiro de mato combina com minha saia levantada e com meu desaguar intenso:barulhinho de cachoeira violenta logo ali,atrás daquela pedra.
Sei que tem tanto sol na morenice dele que eu deveria me besuntar inteira de filtro solar.
Mas estou tão ocupada, recortando corações de cartolina.

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Marla de Queiroz

10 comentários:

A czarina das quinquilharias disse...

é muito importante, eu sei, recortar os corações de cartolina :)

Cecília Braga disse...

Arte-terapia...
beijos saudosos

mg6es disse...

ai, ai... o que mais dizer, qd não mais me sai?


Belo.

Amormaço!

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Anônimo disse...

E os corações de cartolina brilham. Ainda mais que o sol daquela morenice. E ele se assusta, tocando com a mão medrosa o quente que mora embaixo da saia...

Anônimo disse...

Corações picotados em cartolinas enfeitam a rua de Marla. É ela quem os confecciona. Que o caboclo, antes de sair, ajude a moça a recolocar as coisas no lugar. Riodaqui leva um piano na enxurrada e tudo toca e tudo transborda. 1 beijo aí Paulo Vigu

Anônimo disse...

mas que coisa mais bonita.

Andréia . disse...

Vou recortar um pra mim também, quem sabe o sol resolva brilhar em cima dele.
sol-risos
Beijos

diovvani mendonça disse...

Uma morena, espalhadeira de poesia e ainda por cima de alfazema. É trem muito bão. AbraçoDasGerais.

Anônimo disse...

intencidades/busco em suas ruas/cujos nomes são poesias/lares sem números/praças nuas/sedutoras esquinas/perfumes na brisa/amar assim/sem fim

Leandro Jardim disse...

belo, profundamente, belo!

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...