quarta-feira, novembro 15, 2006

Desconforto



Foto: Carlos Neto

A canção distorcida pelo volume alto e todo esse mal-estar, apesar do sol.
(Alguma coisa impronunciável dói em nós,bem sei).
Nossos crepúsculos internos, tantas belezas, e os caminhos se rasgando em dois como se tudo brotasse morto daquelas sementes abstratas.

Eu tinha uma frase de impacto pra usar nessa hora,
mas ela não coube na minha voz.

*
*
(Marla de Queiroz)
*
*
*
Nenhum verão
(Túlio Mourão)

Esse sol, porque tinha de tanto brilhar
Anunciar no meu peito o amanhã pra depois sumir
E deixar tão mais negro meu céu, minha noite
Porque foi minha boca beber, se embriagar da tua boca
Pra sobrar tão mais amargo o gosto de vazio, de solidão
Meu coração prefere acreditar nessas promessas
Mesmo essas que só fazem abrir minhas janelas
Pra nenhuma, pra nenhuma, pra nenhuma paisagem.

Ah, porque me invadir como doce canção
Pra depois me ferir, me queimar com ardor de toda paixão
Eu assim te acolhi sem nenhuma defesa
Como nova estação quando chega, um belo dia, uma certeza
Um vinho dado à minha mesa
Uma palavra, um abraço de irmão.

Meu coração prefere acreditar nessas promessas
Mesmo essas que só fazem deixar na minha pele
Calor, luz, alegria pra nenhum verão.

*
*
Março 2006

13 comentários:

Anônimo disse...

"Eu tinha uma frase de impacto pra usar nessas horas,
Mas ela não coube na minha voz."
Perfeito!!!!!

douglas D. disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
douglas D. disse...

Não encontrei palavra alguma que coubesse naquilo despertado ao ler vc, nem mesmo sons. Ou imagens. Transbordo então.

Anônimo disse...

E eu aqui achando que coisa impronunciável vinha da metidez da língua das esfinges - Devolvo a você um trecho de Túlio ( que bom gosto, hein?)
"...para uma paixão não ter fim vale amor no chão, no cetim, pão amanhecido é pudim na geladeira. olha pro céu olha pro chão a vida inteira olha o que nasce e o que morre em seu coração o girassol me diz a tarde é passageira inda mais breve é o perfume e a flor do limão ..." (da canção "Desamparado" - do disco Eterno, de vez em quando) Riodaqui - tens pedra lá rs - beijo em você - Paulo Vigu

Anônimo disse...

Diante disto e de tudo mais eu iria calar, mas quem cala, consente?

Cecília Braga disse...

Passar os dias oca de saudade...desarticulada do mundo. com todos sentidos buscando aquele que se foi sem o menor sentido... e qd tudo tudo em mim já não sabia ser sem ele...
Eu tenho sido essa dor...
E Marla espero que um marla-rido lindo em essência e verdade chegue, assim de leve...encontre em ti todo abrigo e que ancore para todo sempre em seu cais.

Juliana Pimentel Pestana disse...

Pq às vezes faltam palavras pra dizer que erramos a medida. Pq as minhas flores murcharam pq eu não soube regar.
E pq eu só queria sorrisos brotassem...

Anônimo disse...

São muitas coisas impronunciáveis não é? Mas a gente ainda tenta, pronunciar pelo menos aqueles silêncios presos na garganta. Abraço.

mg6es disse...


vez
que
a voz

se
perde
dentro
de nós


vez
que
só há
voz

e nada
mais
em
nós


bjo, amormaço!

Leandro Jardim disse...

bontito que dói, ai!

;)

Leandro Jardim disse...

bontito que dói, ai!

;)

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...