
Licenças Poéticas, prosa incerta, poesia em linha reta, versos que dançam fora da forma do poema, mas dentro do corpo do poeta.
quinta-feira, novembro 30, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
Poema a 9 mãos...eu diria Poesia Etílica!

A chuva cessou
No peito alegre da menina
Triste
Mas as poças ficaram
Nas moças coisas ficam
Espelhando o novo céu que se abre
Espalhadas pelo chão, nesgas e nuvens
Que refletem mais que meu rosto
Desgosto, dizem, infiéis tormentas
Lamentos pelo caos que a tempestade
Deixou
Tantas rachaduras no asfalto
Tantas poças inspiradas pela chuva
Que o mundo escorrem
E escorrem...
Por dedos descuidados
Por vidas que se correm
Nos tempos que nos morrem
Pra chovermos noutras bandas
Umidade do mundo, por onde andas?
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poema criado em conjunto pelos participantes do
primeiro encontro de poeblogueiros
edição Rio-SP
terça-feira, novembro 28, 2006
Síntese

o fim do namoro, a saudade das sensações (não das pessoas).
O grito contido no olhar pela decisão tão postergada, a angústia silenciosa antes do surto, a gargalhada brotada do peito depois do susto; e esse choro por dentro, a voz que falha quando engasga na fala e não alcança o sentimento,
E o arco-íris diluído no copo,
o poema escrito no corpo,
o amor preenchendo a cena enquanto nos embriagamos de lirismo...
Eu tinha trinta e sete citações literárias pra fazer entre as risadas;
eu tentava desfazer toda a tensão do vento.
E tinha guardado dentro de cada manga um escândalo, uma piada e um plágio.
Você com suas histórias, eu com as minhas fontes e esse meu jeito
de ir olhando as coisas por dentro com cara de sono.
Um dia começaremos por onde sempre terminamos:
cantando animadamente trechos tristes de Roberto Carlos e Paulo Diniz,
fazendo as curvas da estrada de Santos nas esquinas do Rio de Janeiro ou tomando um chope pra distrair;
E sempre indo embora lúbricos, costurando com os pés
nossos caminhos de areia e asfalto.
*
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(Marla de Queiroz)
Postado em Março de 2006.
P.S.: Ainda não consegui escrever sobre o mágico encontro com os blogueiros paulistas.
Aguardem!
quarta-feira, novembro 22, 2006
Lado B
Sou Marla de Queiroz, de Quereres, de Querências.
Marla de Todos os Santos.
Ando descalça em brasas,cacos, barro, nuvens.
Não sou poesia, nem prosa,eu nem caibo num verso:
sou o que estou quando toco, gozo, choro, gargalho,converso.
Tem dia, minha cigana pega a estrada e diz “ quero namorar o bom moço, o mendigo,
Incansável, nunca senta na calçada, segue sem rumo até se debruçar no mar,
Do amante, quero a fúria de um olhar que despedace qualquer máscara para
Sigo rompendo, rasgando, desconstruo,restauro, conserto.
Tem dia que acordo ocupada em me desorientar o quanto puder
(Rasguei a civilização nos dentes pra restaurar os meus instintos).
Não planto flores em cascalho e nem rego sementes invalidadas pelo tempo.
Prefiro reinventar a fertilidade cobrindo com meu pensamento-azul
(Lamento,culpa e arrependimento é sangue bordado no vento).
Faço um móbile de folhas secas e penduro na janela só pra lembrar o que a morte
Mau-humor, dor de dentro e desânimo, eu resolvo com abraços.
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domingo, novembro 19, 2006
Tanta saudade

Esperei que todos saíssem pra chorar no tom mais agudo que eu tinha, toda aquela emergência adiada. A casa vazia e eu me esvaindo em lágrimas enquanto compunha com música o cenário adequado pra saudade represada. E clamei pela salvação da palavra, pela organização dessa desordem de sonho.
É que brotou amor demais da flor dos olhos me aguando toda por dentro.E as minhas alegrias sempre superlativas me condenam à exaustão. As belezas que experimento têm delicadezas violentas demais,quase não as suporto.Essa coisa açucarada que adoça tardes e engole minhas noites, me deixa tão completamente fascinada e envolvida que, sem me ausentar, corro contra o tempo, ultrapasso dias e volto pra viver duas vezes a mesma coisa.Fico chuviscando por toda parte, meu corpo se liquefazendo em abraços.
Assim, como num mergulho.
O fato é que quando é muito bom explode dor e medo no peito porque parece que a gratidão, de tão imensa, não caberá em mim.
E nunca sei quem me tornarei depois de ser ampliada por tanto afeto e amor.
Tenho medo de ficar exageradamente pura enquanto cato as estrelas maduras que caíram no jardim.
E de tanta doçura, tenho medo de ficar enjoativa.
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(Marla de Queiroz)
P.S.: Ah, essa saudade...
sexta-feira, novembro 17, 2006
Inesquecível Azul
Jardins onde estreladas margaridas
quarta-feira, novembro 15, 2006
Desconforto

Foto: Carlos Neto
A canção distorcida pelo volume alto e todo esse mal-estar, apesar do sol.
(Alguma coisa impronunciável dói em nós,bem sei).
Nossos crepúsculos internos, tantas belezas, e os caminhos se rasgando em dois como se tudo brotasse morto daquelas sementes abstratas.
Eu tinha uma frase de impacto pra usar nessa hora,
mas ela não coube na minha voz.
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(Marla de Queiroz)
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Nenhum verão
(Túlio Mourão)
Esse sol, porque tinha de tanto brilhar
Anunciar no meu peito o amanhã pra depois sumir
E deixar tão mais negro meu céu, minha noite
Porque foi minha boca beber, se embriagar da tua boca
Pra sobrar tão mais amargo o gosto de vazio, de solidão
Meu coração prefere acreditar nessas promessas
Mesmo essas que só fazem abrir minhas janelas
Pra nenhuma, pra nenhuma, pra nenhuma paisagem.
Ah, porque me invadir como doce canção
Pra depois me ferir, me queimar com ardor de toda paixão
Eu assim te acolhi sem nenhuma defesa
Como nova estação quando chega, um belo dia, uma certeza
Um vinho dado à minha mesa
Uma palavra, um abraço de irmão.
Meu coração prefere acreditar nessas promessas
Mesmo essas que só fazem deixar na minha pele
Calor, luz, alegria pra nenhum verão.
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Março 2006
terça-feira, novembro 14, 2006
Sudoeste

O que dói em você, pouco me importa.
Eu não cavei teus abismos de mim.
Fui teu abrigo, teu barco
e lua cheia iluminando caminho.
Você escureceu nosso afeto,
você minou nosso rio.
Pra eu ficar, só precisava do seu toque agasalho
você me deu esse punhado de frio.
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(Marla de Queiroz)
domingo, novembro 12, 2006
sexta-feira, novembro 10, 2006
Apelo

quinta-feira, novembro 09, 2006
Flor e ar

Se eu me Flor no Vôo
quem dirá que já não era
o Templo da ida?
Pra quem viveu intacta
bordando o rosto da espera
no travesseiro,
qualquer movimento
já guarda em si
Encontro.
É porque eu demoro a compreender,
mas quando a ousadia chegou a mim,
eu já estava de malas prontas
e a alma com os sapatos adequados
pra descalçar meus medos.
(Eu nasci com essa saudade ancorada)
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Marla de Queiroz
quarta-feira, novembro 08, 2006
Continuação...(do post anterior)
Quando acordou
havia um bilhete
ao lado do maço de cigarros...
Vazio.
“Pode ser que um dia eu sinta a sua falta”, pensou,
“ Por agora, preciso é parar de fumar... Putz! Devia ter comprado dois maços ontem!”
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(Marla de Queiroz)
terça-feira, novembro 07, 2006
Desistência

Cansada das intermináveis conversas estéreis e da ausência de tato no ato,
desfiou as horas contemplando o protagonista da sua mais dolorosa desistência.
E, antes que o mundo acordasse, escapou do abraço inocente
deixando somente um bilhete e um abismo no lugar do afeto:
“Não fui comprar cigarros, você sabe, parei de fumar há tempos.
E eu jamais abandonaria alguém contando uma mentira dessas.”
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(Marla de Queiroz)
sábado, novembro 04, 2006
Insônia.

Quando perco o sono fico costurando flores por dentro dos sonhos , no viés do vestido da noite.
Às vezes me dá uma vontade crua de ser triste só pra encharcar com lágrimas de sal a poesia e espantar as abelhas.Mas não aprendi amargura nem quando me amamentaram com fel.
Eu só preciso pingar duas gotinhas de lua nos meus olhos pra dilatar a pupila e resgatar minha inocência.
Estou com sede de mudanças, mas não quero arrastar os móveis, nem desentortar os quadros.
Quero desabitar meus hábitos; entrar na poeira estagnada das coisas e assoprá-la no vento como quando se liberta um passarinho depois de curar sua asa machucada.
Pra estar feliz eu só preciso deixar que meus dedos dancem a coreografia do poema novo,
Amanhecer é da competência dos dias.
Pra não dizer que não falei das cores...
pra
ou
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(Marla de Queiroz)
quinta-feira, novembro 02, 2006
quarta-feira, novembro 01, 2006
Há-Mar.
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