terça-feira, abril 01, 2014

DEPRESSÃO: um assunto muito sério


Depressão não é tristeza, melancolia, desânimo, mal-estar. É tudo isso junto e uma profunda dor causada pela falta de perspectiva de que algo de bom vai acontecer e melhorar nossas vidas. Depressão é mais comum do que se imagina e tem tratamento. Não adianta dizer a um deprimido para reagir, sair da cama, sair das drogas, fazer algo para se sentir feliz. Estas pessoas precisam de ajuda profissional e, se possível, espiritual para controlar este processo de faltas: de hormônios que provocam prazer e tornam a vida produtiva e sociável, de uma sensação de amparo e proteção espiritual. 

Eu tenho depressão desde criança. Ela é controlada porque busquei ajuda em todos os campos disponíveis e hoje convivo com ela de maneira amistosa: tenho uma vida produtiva, feliz, incomum, mas normal. Eu tenho ajuda espiritual, profissional e tenho a arte. Eu tenho amigos que me percebem porque me amam. Eu perdi amigos para a depressão. Eu perdi uma irmã também. Tenho perdido leitores. O índice de suicídio me assusta, mas me é altamente compreensível, pois, às vezes, nem a família sabe identificar ou lidar com esta doença. A gente não fica deprimido porque terminou um namoro: a gente fica triste. A gente não fica deprimido porque perdeu um emprego: a gente fica preocupado ou desorientado. A gente fica deprimido por uma profunda sensação de inadequação ao mundo, uma sensação de que não participamos ou pertencemos a nada. Certos fatores são apenas desencadeadores de uma dor muito mais grave: a existencial.

Vejo pessoas que estão tristes dizerem-se deprimidas e vice-versa. É preciso identificar e dar o nome certo a cada coisa. O fato de confundirmos estes sentimentos causa certa banalização da depressão. Vejo pessoas precisarem de ajuda urgente e darem cabo à própria vida porque ninguém as olhou atentamente a tempo de lhes oferecer uma ajuda adequada. Depressão é um luto por si mesmo em vida. 

Enfim, este texto é apenas um pedido para que estejam atentos aos amigos, familiares, ao Outro com mais amorosidade e interesse profundo. Às vezes, identificada a doença, um deprimido não vai segurar na sua mão e caminhar até um profissional com você, talvez seja preciso que por um momento você o carregue no colo até que ele possa caminhar sozinho novamente. A questão é: quanto lhe custa a vida de alguém que você tem apreço?

Desejo boas notícias.


Marla de Queiroz 

8 comentários:

Juliêta Barbosa disse...

Marla,

Coloque o desassossego em palavras, sempre... E, mais e mais.

Quantas vezes as suas letras e a sua poesia serviram de colcha de retalhos para agasalhar almas em desalinho!? Você não está sozinha! Talvez geograficamente, sim, mas de longe, em algum lugar, alguém torce e reza por você.

Gosto de você, de graça. Força! Bjs

Mariana Penna disse...

Oii Marla, será que você pode me ajudar?

Não sou namorada nem nada, mas tenho certeza que meu namorado sofre de depressão. Ele usa drogas, cheio de dividas, o filho está longe, recentemente morreu uma pessoa muito próxima a ele, há algum tempo ele presenciou um acidente de um amigo que perdeu o braço, passa 3, 4 noites acordado e depois dorme mais de um dia direto e não consegue ir trabalhar. O problema é que ele se recusa a ir buscar ajudar. O que eu posso fazer? Não posso força-lo a nada, certo?

Fique bem e fique com Deus.

Um beijo!

Alain Lisboa disse...

É uma não-vontade que aflige. Eu sei.

Thiago Bohns disse...

Mas que ótimo texto! Parabéns. "A gente fica deprimido por uma profunda sensação de inadequação ao mundo, uma sensação de que não participamos ou pertencemos a nada". É exatamente assim que me sinto com alguma frequência. ainda bem que estou em tratamento. Bom texto mesmo, parabéns por ele e continue o bom trabalho!

Anônimo disse...

Boa noite!Lindíssimo!
Grata!

conan disse...

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Ramiro disse...

Quanto a mim, que inicio a acompanhar o que tu escreves, penso que tudo tende a melhorar. Se eu posso falar de um modo como se estivesse na terapia, faz parte de mim uma ausência ontológica. Sim, a propósito do teu texto acima, sou definitivamente um sujeito perverso. O que é isso? É a criança em si que cuida da outra vulnerável. Deixa que eu seja mais claro. Um adulto não precisa de uma criança, uma criança tem grande necessidade do cuidado de um adulto. A infância de algumas pessoas, eu incluso, envolve a crença de que se é igual em responsabilidade ao pai e a mãe. Isso se fixa. O adulto julga que seu comportamento é adulto, ainda que não seja.

Ramiro disse...

Não pense que eu tema a você, se for o caso.

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A poesia acontece quando as palavras se abraçam...